
Por Maurício Costa Romão
Com o último* levantamento do Datafolha de 08 e 09 de setembro, publicado no fim de semana que passou, foram contabilizadas 37 pesquisas de intenção de votos, desde setembro de 2009, oriundas dos institutos Datafolha (12), Ibope (12), Vox Populi (7) e Sensus (6). Tais pesquisas, registradas oficialmente e publicadas na mídia, estão postadas seqüencialmente no gráfico que acompanha o texto.
É importante reiterar que os levantamentos foram perfilados no gráfico, obedecendo à cronologia da data do trabalho de campo de cada instituto. Este aspecto cronológico é importante porque as datas mais recentes são as mais relevantes, pois incorporam os últimos sentimentos do eleitor.
Outra questão para a qual cabe atentar é a que se refere à colocação no gráfico de várias pesquisas oriundas dos diferentes institutos. Tais pesquisas não são comparáveis entre si. Cada instituto utiliza metodologia distinta, um do outro.
Como os dados seqüenciais são de institutos diferentes, as eventuais variações havidas nas intenções de voto dos candidatos, de uma pesquisa para outra, podem não ter sido derivadas de mudanças nas preferências da população, e sim decorrente da metodologia empregada ou devidas ao tipo de coleta de informações. Daí por que não é apropriado fazer comparações de resultados entre essas pesquisas, do ponto de vista do rigor estatístico.
Entretanto, pelo de fato de essas pesquisas, numa série temporal, diferirem muito pouco entre si, em termo de intenção de votos atribuída aos candidatos individualmente, é perfeitamente admissível postá-las em seqüência para observar os movimentos ondulatórios das trajetórias de intenção de votos desses candidatos.
A junção de várias pesquisas de diferentes institutos em um mesmo gráfico, portanto, dá vazão a que se possa, analisando a evolução dos percentuais de intenção de votos registrados por cada uma, prospectar tendências (permanência de candidato num determinado patamar, ascensão ou queda sistemática por determinado período, etc.).
Olhando o gráfico, chama a atenção, de início, a incrível regularidade da evolução das intenções de voto de Marina Silva, circunscrita ao patamar de 5% a 10%, mais próxima do limite superior, mas com perspectivas detectadas nos últimos levantamentos, de figurar mais amiúde na faixa de 10% a 15%.
Não menos chamativa é a trajetória da linha vermelha que representa as intenções de voto de Dilma Rousseff. Partindo de 15% na pesquisa Ibope de 11 a 14 de setembro do ano passado, Dilma evolui paulatina e progressivamente para o patamar de 20 a 30%, até meados de abril, e entra em maio já na frente de José Serra, situando-se no patamar de 30% a 40%.
A partir daí, exceto por números de uma ou outra pesquisa, a trajetória ascensional da candidata petista segue se distanciando do principal opositor, José Serra, que adentra um percurso de queda sistemática de intenções de voto. No mês de agosto as pesquisas já registram Dilma no patamar de 40% a 50%, onde permanece estabilizada no limite superior, inclusive nos levantamentos de setembro.
José Serra, por seu turno, manteve-se quase o ano todo no patamar de 30% a 40% sem, entretanto, nunca ter atingido numericamente este limite superior. Em agosto, o candidato tucano inicia um processo de queda progressiva de intenções de voto, colocando-o no patamar no qual nunca esteve antes, o de 20% a 30%.
Os cientistas políticos estão debruçados sobre as causas determinantes das trajetórias de intenção de votos mostradas no gráfico. Já há várias análises sendo elaboradas e outras tantas aparecerão após o término do pleito. Desse acervo analítico é que se comporá a moldura explicativa deste que foi um rico e inusitado quadro político-eleitoral, totalmente pintado pelas cores da popularidade do Presidente Lula.
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*Depois deste texto finalizado, foi divulgada outra pesquisa, nesta terça, 14/09, do Instituto Sensus. Os resultados são muito semelhantes aos do Ibope (24-26/ago) e Datafolha (02-03/set e 08-09/set), de sorte que não há prejuízo ao conjunto deste escrito.