MASSA MANSA

Dora Kramer

Folha de Pernambuco, 13/10/2011

Desmotivadas, as pessoas reclamam da desmotivação geral por intermédio de meia dúzia de motivados que se perguntam qual a razão de tanta apatia. Têm sido comuns as comparações ora com mobilizações de outrora – aí sempre lembrados os movimentos de rua em favor das Diretas Já e do impeachment de Fernando Collor – ora com marchas menos ortodoxas que as organizadas (se é que se aplica o termo) pela internet para protestar contra a corrupção.

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A CORTE DOS ANJOS

Cesar Maia

Folha de S.Paulo, 22/01/2011

“Governar é fazer crer”, dizia Maquiavel. As lideranças míticas, sejam políticas, sociais ou religiosas, se afirmam por dois caminhos distintos.

De um lado, os líderes cuja autoridade se afirma como guias de seus povos. São os detentores da legitimidade pelas ideias que conduzirão seus povos ao paraíso. Perón e Vargas são exemplos. Outras lideranças legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano. padre Cícero, no Ceará, e Santa Dica, em Goiás, são exemplos. Maria de Araújo, beata de padre Cícero, em transe, ao meio de milagres, conversava com os anjos.

Santa Dica, em transe, ia até a “corte dos anjos” e voltava com as orientações a serem seguidas. Padre Cícero elegia e elegeu-se. Santa Dica elegeu seu companheiro. O monopólio da legitimação pela ausência trouxe e traz conflitos interreligiosos.

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POLÍTICOS E EMPRESAS ESPERAM RETORNO DO INVESTIMENTO

 

Claudio Weber Abramo
Folha de S.Paulo, 19/09/2010

Empresas não investem no financiamento de candidatos por apreço à democracia. Fazem-no com base num raciocínio pragmático: esperam que seus interesses sejam satisfeitos caso o beneficiário seja eleito. Isso não envolve necessariamente desonestidade. O interesse de um financiador pode ser ideológico ou programático -porque está interessado no fortalecimento de privatizações, na redução de impostos e assim por diante.

É claro que o intuito pode ser escuso. Os mais comuns são favorecimentos em contratações, facilidades no relacionamento com agências reguladoras e órgãos de controle, favores fiscais etc. O principal motivo pelo qual é importante que a legislação inclua a obrigatoriedade de identificação dos doadores de campanhas é permitir vigiar os eleitos para verificar se eles usam os cargos para favorecer seus doadores.

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A MIOPIA DOS CANDIDATOS

Imagem publicada bo Blog do IMN

Por Adriano Oliveira

Cientista Político, no Blog do IMN, 17/08/2010

Para Jon Elster atores podem ser míopes. E, por consequência, agir irracionalmente. Declarar alguma coisa é uma ação. Se o ator não está bem informado, ele pode agir de modo errado. E falar coisas que não devem. Por exemplo: criticar resultados de pesquisas eleitorais.

Atores míopes tomam decisões apoiados por crenças falsas. Deste modo, a ação não trará o benefício desejado. Os candidatos ao Senado de Pernambuco não devem acreditar que são favoritos. Se acreditam, estão diante de uma crença falsa, a qual possibilitará uma ação irracional e talvez, por conta da causalidade (crença falsa e ação irracional), percam a eleição.

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