PARA SEMPRE PERDIDO, PARA SEMPRE GUARDADO

José Serra

Na minha família, no tempo que eu era menino, o Natal era comemorado só no dia 25 de dezembro mesmo, nada de véspera, por um motivo simples: pai, avô e tios trabalhavam até as seis da tarde do dia 24, no Mercado Municipal de São Paulo. No próprio dia de Natal, a jornada se estendia até o meio dia. Por isso, não havia a ceia, só o almoço. A família não trocava presentes. Recebê-los era exclusividade das crianças. O almoço, feito sob a direção da minha avó, era extraordinário. O prato nobre era o pernil com batatas ao forno. Uma iguaria. Houve um ano em que se comeu cabrito, comprado vivo em sociedade com os vizinhos e dividido escrupulosamente em dois depois de preparado.

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