APURAÇÃO

Marina Silva

Folha de S.Paulo, 28/09/2012

Atribui-se a um famoso político brasileiro a frase “A política é a arte de fazer com que aquelas coisas que já iam mesmo acontecer aconteçam, porque nós fizemos acontecer.” Além de irônica, essa máxima revela a ideia de política como fingimento. A política real é aquela que faz acontecer o que dificilmente aconteceria sem a nossa vontade e ação.

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PRAZOS E VALIDADES

Marina Silva

Folha de S.Paulo, 17/08/2012

Anuncia-se, com grande destaque, novas concessões do governo no setor de transporte. De fato, são números impressionantes: R$ 133 bilhões até 2037, 7,5 mil km de rodovias e 10 mil km de ferrovias, empréstimos do BNDES com prazo de 20 anos a juros baixos etc. Como disse um empresário, “é um kit felicidade para o Brasil”. Esperamos que seja mesmo bom, sobretudo para todos os brasileiros.

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ELA TEM A FORÇA

Marina Silva

Folha de S.Paulo, 30/12/2011

Nos períodos de festas e confraternizações, em que somos plasmados pelos desejos de melhores dias, nem sempre nos damos conta de que, com os presentes que afetuosamente damos e recebemos, ali – onde sem tocar e ver, na forma de um apurado sabor, provado pelo ouvido, e não pela boca, materializado em acústica, e não palpável, como nos apetece- está a palavra. Sempre apta a produzir luz e trevas, tristeza e alegria, atenção e indiferença.

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POLÍTICA 2.0

 

Marina Silva

Folha de S.Paulo, 09/09/2011

Nem o clima de deserto que castigou Brasília no Sete de Setembro intimidou os cerca de 25 mil manifestantes da Marcha contra a Corrupção, em pleno centro do poder. A despeito do calor, a maioria foi de preto, para expressar seu luto diante da corrupção e da impunidade. Gente muito jovem, em grande parte, foi dizer aos Poderes da República que não aceita a complacência e o corporativismo com que corruptos costumam ser tratados.

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COMPLEXO DE LEAR

 

MARINA SILVA, Folha de S.Paulo (03/08/2009)

DURANTE CURSO de especialização na Universidade de Brasília, estudei a obra “Rei Lear”, de Shakespeare. Talvez a tragédia possa nos ajudar a entender um pouco a política brasileira.

Ao sentir-se velho, Lear decide abdicar da sua condição de rei, do enfadonho encargo de governar.
Chama as filhas -Goneril, Regana e Cordélia- para dividir seus bens e poder, anunciando que seria mais agraciada aquela que lhe fizesse a maior declaração de amor. E impõe outra condição: enquanto vivesse, o rei deveria ter assegurado respeito, prestígio, cuidado e, quem sabe, até mesmo o amor de suas filhas e súditos. Quer deixar de ser rei sem perder a majestade.

Cordélia, a mais jovem, com quem o rei mais se identificava, e que muito o amava, não soube dizer o que sentia. As outras não sentiam amor pelo pai, mas eram hábeis na verve.

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