A eleição para governador de Pernambuco neste ano de 2018 tem um aspecto singular: os três candidatos mais competitivos declararam que apóiam Lula e votam nele, inobstante sua condição atual de inelegível.
Sem desconsiderar razões outras, é inegável que impera grande dose de pragmatismo eleitoral nessa tríplice adesão: a extraordinária popularidade do ex-presidente junto aos pernambucanos.
No último dia do seu recente périplo pelo Nordeste o ex-presidente Lula afirmou que:
“Nós estamos em situação difícil. Eu tenho US$ 380 bilhões em reservas. Vou pegar somente alguns bilhões e vou investir em infraestrutura e não vai ter nenhum centavo para custeio. Vou retomar o desenvolvimento porque a gente pode fazer esse país crescer”
O ex-presidente disse ainda que um aumento entre dívida pública e PIB no Brasil poderia ajudar a economia, citando países que aumentaram a dívida pública para combater a recessão.
Fonte: elaboração própria com base em 26 pesquisas nacionais em 2010 e 29 em 2014
Maurício Costa Romão
Os níveis de intenção de votos desfilados pela presidente Dilma Rousseff nos meses de maio a julho deste ano são até equivalentes aos que exibia na sua vitoriosa corrida ao Palácio do Planalto em 2010, conforme se pode observar no gráfico que acompanha o texto.
A diferença reside nos contextos de cada momento. No mês de julho de 2010, por exemplo, o governo desfrutava de grande aprovação (77% de ótimo e bom e apenas 4% de ruim e péssimo, de acordo com o Datafolha), a economia ia bem e os níveis de satisfação e expectativa da população eram elevados.
O ambiente de hoje é completamente oposto àquele: baixa aprovação do governo (31% de ótimo e bom e 33% de ruim e péssimo, segundo o Ibope de junho e julho), a economia vai capengando e grassam insatisfação e inquietude na sociedade. As trajetórias das linhas azul (ascendente) e vermelha (descendente) no gráfico retratam os desenvolvimentos dos dois momentos aludidos.
Fonte: elaboração própria, com base em 30 pesquisas nacionais pós-manifestações de rua de junho 2013
Maurício Costa Romão
O cientista político Antônio Lavareda, baseado em estudos de Thomas Holbrook, outro grande especialista em eleições, costuma mencionar em escritos e palestras três fatores considerados decisivos na tentativa de reeleição de incumbentes: (1) avaliação de governo (popularidade); (2) percepção da população sobre a economia e (3) tempo do partido do postulante no poder.
A menos de três meses para a eleição presidencial no Brasil, e já disponíveis resultados das últimas pesquisas eleitorais pós-Copa do Mundo (Sensus/Isto é e Datafolha), é oportuno fazer uma breve análise das possibilidades de reeleição de Dilma Rousseff à luz dos fatores aludidos.
A capacidade de transferência de votos é um assunto deveras controverso na literatura especializada, até por conta da dificuldade de mensuração. Um candidato que vence uma eleição apoiado por uma grande liderança, venceu por causa do apoio dessa liderança? Venceu por causa do seu próprio desempenho? Venceu por causa de outros fatores determinantes? Ou venceu por causa de todas essas razões? Como mensurar a influência de cada qual?