CARTAS DE PARIS: A FRANÇA QUE VOTOU NA EXTREMA-DIREITA

 

Ana Carolina Peliz

Blog do Noblat, 26/04/2012

Um ano atrás, Valérie me pediu que lhe ensinasse português. Ela tinha sido despedida de uma multinacional do petróleo que tinha negócios em Angola e estava persuadida que se aprendesse português teria seu emprego de volta. Aos 49 anos, e nenhum diploma além do segundo grau completo, ela conseguira fazer carreira na empresa em uma época em que os empregos abundavam na França e que para conseguir ser secretária era necessário apenas falar algumas palavras de inglês.

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CACARECO FRANCÊS

Hélio Schwartsman

Folha de S.Paulo, 25/04/2012

Ver alguém de sobrenome Le Pen conquistar a preferência de quase 20% do eleitorado francês é sempre um pouco assustador, mas seria precipitado classificar esse resultado como uma vitória das ideias da extrema direita.Assim como nem todos os brasileiros que votaram em Marina Silva no último pleito são verdes, nem todos os que sufragaram Marine Le Pen são ultraconservadores xenófobos.

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DE FRENTE PARA O ABISMO

 

Vladimir Safatle

Folha de S.Paulo, 15/03/2011

Há alguns dias, a França descobriu que, caso a eleição presidencial fosse hoje, Marine Le Pen ganharia com 24% dos votos. Nova representante da extrema direita xenófoba e racista, Marine Le Pen é fruto direto de três fatores.

Primeiro, como lembra o filósofo Alain Badiou, a França sempre foi dividida em duas. Uma, movida pelos ideais universalistas e igualitários da Revolução Francesa, e outra, conservadora e voltada para si mesma, voltada para um passado que, na verdade, nunca foi presente. Esta segunda França é a de Pétain, de Pierre Laval e do Front National.

Que ela possa voltar a ditar as cartas do espectro político, eis algo que só pode ser explicado por dois motivos. O primeiro deles é o lento processo de transformação da política em espaço colonizado por afetos como a insegurança, o medo contra o outro, o retorno paranoico à identidade nacional, além de uma visão museificada e morta da cultura.

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