Gustavo Franco
Especial para a Folha de S.Paulo, 28/11/2010
Associada à imagem do muro, sigla se afasta do que a levou ao poder
Sou filiado ao PSDB desde a campanha presidencial de Mario Covas, e fui eleitor de José Serra, como fui de Geraldo Alckmim, a despeito desses candidatos terem me deixado a impressão de que o projeto político tucano perdeu nitidez.
É verdade que, como dizia Machado de Assis, “basta ser partido para não ser inteiro”, e que o PSDB sempre acomodou muita diversidade, e por isso mesmo ficou associado à imagem do muro, não o de Berlim, mas o da hesitação.
Nada diferente de outras agremiações, exceto talvez das mais radicais e sectárias. Não obstante, o PSDB, sempre considerado um “partido de quadros”, como se isso o afastasse das causas populares ou da efetividade em governar, produziu ideias e ações que encantaram o país: o “choque de capitalismo”, o Plano Real, a conciliação entre estabilidade e crescimento, entre políticas sociais e sustentabilidade fiscal, o combate ao corporativismo e à corrupção através da disseminação de valores como meritocracia e transparência, no contexto de uma democracia de mercado.