Claudio Weber Abramo
Folha de S.Paulo, 19/09/2010
Empresas não investem no financiamento de candidatos por apreço à democracia. Fazem-no com base num raciocínio pragmático: esperam que seus interesses sejam satisfeitos caso o beneficiário seja eleito. Isso não envolve necessariamente desonestidade. O interesse de um financiador pode ser ideológico ou programático -porque está interessado no fortalecimento de privatizações, na redução de impostos e assim por diante.
É claro que o intuito pode ser escuso. Os mais comuns são favorecimentos em contratações, facilidades no relacionamento com agências reguladoras e órgãos de controle, favores fiscais etc. O principal motivo pelo qual é importante que a legislação inclua a obrigatoriedade de identificação dos doadores de campanhas é permitir vigiar os eleitos para verificar se eles usam os cargos para favorecer seus doadores.