SEM INDIGNAÇÃO

Marisa Gibson

Coluna Diário Político

Diário de Pernambuco, 19/11/2011

A baixíssima adesão popular aos movimentos contra a corrupção que tomaram as ruas do Brasil nos últimos meses, mesmo com cinco ministros demitidos por mau uso do dinheiro público e tráfico de influência e mais um na corda bamba – Carlos Lupi, do Trabalho – só tem uma explicação. A frase “é a economia, estúpido”, dita em meados da década de 1990 pelo estrategista democrata norte-americano James Carville, e que virou quase que obrigatória quando se fala sobre o que pesa numa eleição nacional, também pode se aplicar à passividade com a qual os eleitores brasileiros têm reagido aos escândalos de corrupção.

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ETIQUETA DE VALIDADE

 

Alon Feuerwerker

Diario de Pernambuco, 13/10/2011

É humano certo deslumbramento com os movimentos ditos espontâneos. Eles adicionam glamour à política, pelo contraste com a crueza da realidade dela olhada sem filtros, em estado bruto. Das manifestações contra a corrupção Brasil afora até a “ocupação” de Wall Street. O problema é que se movimentos de massa são bons para criar estados de espírito, e mesmo para bloquear parcialmente a capacidade de intervenção do Estado, como agora no Chile, não estão aptos a governar. A utopia do democratismo direto costuma virar do avesso quando tenta passar da fantasia à realidade.

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DERROTA MORAL

Marisa Gibson

Diario de Pernambuco, 30/09/2011

Não importam os arranjos que foram arquitetados, nem os apelos ou ameaças. João Paulo Lima e Silva, deputado federal e ex-prefeito do Recife, é um político moralmente derrotado. Dizendo-se traído pelo prefeito João da Costa (PT) e alegando ser tratado como adversário por seus próprios companheiros de partido, no estado, João Paulo acusou, esperneou, ameaçou, dissimulou, mendigou apoio, se vitimizou, usou correligionários para viabilizar um projeto político e, por fim, capitulou da pior maneira possível: por falta de coragem política, renunciou à sua condição de líder para permanecer no PT, comandado pelos outros, atendendo a apelos.

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FORMULAÇÃO IMPRUDENTE

 

 Editorial do Diario de Pernambuco

 Recife, quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pouca gente acredita e, por isso mesmo, dá pouca atenção ao assunto, que o atual Congresso Nacional fará uma reforma política realmente importante. É uma desatenção perigosa. Não são poucos os gabinetes da Câmara e do Senado que têm passado horas discutindo um projeto que, se aprovado, muda completamente a atual relação do eleitor com os partidos e, principalmente com os candidatos. Além da insistência com que alguns políticos defendem o financiamento público das campanhas, querem agora também tirar do eleitor o elementar direito de votar em seu candidato preferido.

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E A FICHA LIMPA SUBIU NO TELHADO

 

Matéria do Diario de Pernambuco (PE), em 25/03/2011

Depois de perder a validade para as eleições de 2010, a Lei da Ficha Limpa corre risco de ser desconstruída item por item no Supremo Tribunal Federal (STF). Os principais defensores da legislação vislumbram problemas futuros, especialmente no princípio da retroatividade – segundo o qual a lei não pode retroagir para prejudicar o réu – e na presunção da inocência, na qual é preciso sentença transitada em julgado (até a última instância) para restringir direitos. Advogados de defesa já constróem teses e o ministro do Supremo, Luiz Fux, responsável pelo voto de desempate da quarta-feira, chegou a sugerir que o Congresso reescreva a lei.

Os ministros Gilmar Mendes, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello e o presidente Cezar Peluso já se manifestaram em defesa da retroatividade. Essa linha de argumentação, que tem a simpatia dos ministros Dias Toffolli e Luiz Fux, tem consequências claras para a aplicabilidade da Lei Ficha Limpa. Todos os políticos condenados foram sentenciados antes de 7 junho de 2010, data da sanção da nova lei. Portanto, escaparão impunes ao espírito da Ficha Limpa e poderão se candidatar.

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