Cláudio Gonçalves Couto
Folha de S.Paulo, 06/03/2011
Mesmo os insatisfeitos temem que tentativa de conserto agrave problema
Há quatro anos, Lúcio Rennó, cientista político da Universidade de Brasília, publicou um artigo com o sugestivo título de “Reforma política: consensos necessários e improváveis”. Rennó apontava o paradoxo de que a identificação de problemas de governabilidade num sistema político levava à demanda por sua reforma, mas esses mesmos problemas obstaculizavam qualquer tentativa de levar reformas adiante.
Paradoxos similares explicam o porquê de tão frequente e intensamente clamar-se por uma reforma política no Brasil, sem que ela efetivamente saia -ou, ao menos, seja percebida. A razão do clamor é a insatisfação com o funcionamento das instituições políticas de representação e governo.