
Por Maurício Costa Romão
Na configuração de votos válidos, em que disputam duas forças – simplificadamente, para efeito expositivo, “situação” e “oposição” – o crescimento da quantidade de votos de uma força significa decrescimento da outra, na mesma proporção. A conquista de um voto para uma equivale a menos um voto para a outra.
Na hipótese de uma das forças sustentar uma diferença de 10 pontos percentuais de vantagem sobre a outra, a diferença será zerada se a força em desvantagem crescer apenas 5 pontos em intenção de votos. Um exemplo concreto pode auxiliar na explicação.
Até meados de setembro, cerca de duas semanas antes do pleito de 3 de outubro, os analistas políticos eram praticamente unânimes em considerar muito remota a chance de haver um eventual segundo turno na eleição presidencial do ano que passou.
De fato, levando-se em conta as pesquisas eleitorais nacionais realizadas pelos quatro grandes institutos que cobriram a eleição de 2010 (Sensus, Ibope, Datafolha e Vox Populi), desde agosto, especialmente a partir da segunda quinzena, as intenções de voto consignadas a Dilma Rousseff vinham sendo sistematicamente maiores do que a soma daquelas obtidas por José Serra e Marina Silva. Essa consistência numérica, ceteris paribus, garantiria vitória em primeiro turno para a candidata petista.