

Por Maurício Costa Romão
Neste segundo turno foram publicadas 14 pesquisas de abrangência nacional levadas a efeito pelos grandes institutos que vem cobrindo a eleição presidencial deste ano: Datafolha, Ibope, Vox Populi e Sensus.
Exceto em relação ao Datafolha, que realizou 5 levantamentos, incluindo o que foi divulgado na madrugada desta sexta-feira 29/10, os demais institutos fizeram 3 pesquisas cada.
Para facilitar a compreensão dos números dessas pesquisas, que têm metodologias distintas e cujos trabalhos de campo são realizados em períodos o mais das vezes não coincidentes, é conveniente calcular a média de intenção de votos entre elas, para cada um dos candidatos.
Partindo-se do entendimento de que as pesquisas mais recentes são as mais relevantes, pois incorporam as últimas manifestações do eleitor, é apropriado dividir o período do segundo turno em três rodadas de pesquisas: a primeira, com trabalho de campo realizado entre os dias 08 e 15 deste mês, a segunda, entre 15 e 21, e a terceira, entre 21 e 28.
Essa divisão em fases dá vazão a que se possa acompanhar a trajetória da média como se ela estivesse movendo (rolling average), técnica que se torna imprescindível quando os períodos têm importâncias distintas.
Em termos de votos totais e válidos a média de intenção de votos de Dilma Rousseff vem aumentando desde a primeira rodada, enquanto que a de José Serra vem declinando.
Por conta desses movimentos inversos, a diferença de intenção de votos entre os candidatos está-se ampliando: passando de 6,3 pontos de percentagem, em votos totais, na primeira rodada, para 9,5 na segunda e para 12,1 na terceira e, em votos válidos, de 7,0 pontos na primeira, para 10,9 na segunda e 13,4 na terceira (os votos válidos excluem as intenções de voto nulo, branco e indeciso).
É digno de registro notar que ainda há, na média da terceira rodada, 11,3% de intenções de votos brancos, nulos e indecisos, dos quais aproximadamente 6,0% são de eleitores que se declararam indecisos.
Apenas para dar uma ordem de grandeza, esse percentual representa cerca de 6 milhões de eleitores, imaginando-se que os votos válidos do segundo turno sejam aproximadamente iguais aos do primeiro, na casa dos 101 milhões.
Os eleitores indecisos têm que assumir uma das duas candidaturas no dia da eleição, ou votar em branco, ou anular o voto, supondo que não se abstenham de votar. Embora se trate de um contingente elevado, ele sozinho não será suficiente para eventualmente reverter a magnitude da diferença pró Dilma, mesmo considerando, como mostrou este último levantamento do Datafolha, que os indecisos pendam para Serra na proporção de dois para um.
Para que essa proporção de indecisos exercesse impacto ponderável no quadro eleitoral, tornando a disputa indefinida, seria necessário que houvesse, em paralelo, uma “onda serrista”, a exemplo da “onda verde”, nos grandes colégios eleitorais, como São Paulo e Minas. Ademais, a oposição teria que torcer também para que a propalada alta abstenção que se está projetando dê-se em maior número nas regiões onde Dilma leva vantagem.