Por Maurício Costa Romão
Matéria do Jornal “Folha de S.Paulo” (14/05/2010)
Instituto não vai mais fazer questões prévias antes de perguntar qual a intenção de voto. Para diretor do Datafolha, perguntas antes da principal podem distorcer resultados; Sensus diz que mudou para evitar disputas na Justiça DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O instituto Sensus resolveu mudar, na pesquisa de intenção de voto para presidente da República que finaliza hoje, a ordem das perguntas que apresenta aos seus entrevistados.
O novo questionário do Sensus agora vai direto à indagação sobre o candidato do eleitor, abandonando método, usado também por outros institutos, de fazer perguntas políticas prévias antes da principal.
Na pesquisa que apresentou o resultado até agora mais apertado entre o tucano José Serra e a petista Dilma Rousseff -32,7% a 32,4%, em 13 de abril-, o Sensus perguntava antes o partido de preferência do entrevistado, qual era a sua avaliação sobre o governo do presidente Lula e por que ele tinha essa opinião. Quatro dias depois, pesquisa do Datafolha apontou diferença pró-Serra de dez pontos percentuais -38% a 28%.
O método de, no jargão do meio, “esquentar” o entrevistado com perguntas prévias é motivo de controvérsia entre os institutos de pesquisa e foi questionado pelo PSDB, que chegou a vistoriar, com autorização da Justiça, os questionários arquivados na sede do instituto Sensus.
Para o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, a introdução de outros assuntos antes da pergunta central do levantamento pode influenciar a resposta dos entrevistados. O Vox Populi e o Ibope também têm o costume de usar perguntas prévias antes de averiguar a intenção de voto
Por meio de sua assessoria, o Sensus afirma que, apesar de estar convicto de que a ordem das perguntas não altera o resultado da pesquisa, decidiu realizar a mudança como forma de se prevenir contra possíveis ações protelatórias na Justiça Eleitoral.
Com a alteração adotada pelo Sensus em sua última pesquisa, pode ficar comprometida a comparação com o levantamento anterior, já que os formulários são diferentes. A atual pesquisa foi encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) e será divulgada na próxima segunda-feira.
(RANIER BRAGON)