SENHOR DO SEU DESTINO

Emílio Odebrecht

Folha de S.Paulo, 07/11/2010

No domingo passado, escolhemos a brasileira que conduzirá o governo da nação nos próximos quatro anos. Foi a sexta eleição presidencial direta consecutiva, marcando nosso mais longo período de estabilidade democrática.

O processo sucessório será concluído em janeiro, quando o presidente Lula entregar para Dilma Rousseff a faixa presidencial que recebeu de Fernando Henrique Cardoso. Antes deles, o último presidente escolhido pelo voto direto que participou da posse do sucessor foi Juscelino Kubitschek, 50 anos atrás.

É justo, neste momento, reconhecer no presidente Lula, além dos méritos inegáveis na manutenção da estabilidade econômica e no controle da inflação, herdadas do governo de Fernando Henrique Cardoso, e na prioridade que deu aos investimentos no campo social, a firmeza de negar apoio às tentativas de alteração da Constituição, que lhe permitiriam disputar agora um terceiro mandato.

Fechadas as urnas e contados os votos, as paixões causadas pelos embates eleitorais devem ser esquecidas, e os ressentimentos precisam ser apagados para que situação e oposição possam olhar para os interesses nacionais com a consciência de que chegou a hora do bom combate, já que temos pela frente uma nação esperançosa quanto ao porvir.

O que mobiliza as pessoas não são os compromissos que assumem entre si, mas os objetivos comuns que abraçam. O melhor antídoto para as rivalidades estéreis é o comprometimento com causas amplas, que pairem acima das desavenças ou tendências ideológicas de cada um. Repito aqui o que disse em outubro de 2002, logo após a confirmação do resultado do segundo turno das eleições daquele ano: a causa de todos é o Brasil.

Mais especificamente, nossa causa é a construção de um país competitivo internacionalmente e capaz de manter um crescimento que se traduza em melhoria de qualidade de vida para a população, com o fim dos desníveis sociais. O tamanho de nossos sonhos e de nossas aspirações deve ser a medida de nosso engajamento e de nossa disposição de trilhar o caminho certo.

Para o encontro deste caminho, precisamos saber se estamos ou não preparados para ampliar nossos espaços no âmbito global; para nos submetermos ao julgamento das próximas gerações e para nos tornarmos um país senhor do próprio destino.

As respostas corresponderão às necessidades a atender, aos desafios a superar e ao que é prioritário fazer para que as esperanças se transformem em forças impulsionadoras de uma construção coletiva, obra de todos os brasileiros.


EMÍLIO ODEBRECHT escreve aos domingos nesta coluna.

emilioodebrecht@uol.com.br

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