Marisa Gibson
Coluna Diário Político
Diário de Pernambuco, 19/11/2011
A baixíssima adesão popular aos movimentos contra a corrupção que tomaram as ruas do Brasil nos últimos meses, mesmo com cinco ministros demitidos por mau uso do dinheiro público e tráfico de influência e mais um na corda bamba – Carlos Lupi, do Trabalho – só tem uma explicação. A frase “é a economia, estúpido”, dita em meados da década de 1990 pelo estrategista democrata norte-americano James Carville, e que virou quase que obrigatória quando se fala sobre o que pesa numa eleição nacional, também pode se aplicar à passividade com a qual os eleitores brasileiros têm reagido aos escândalos de corrupção.
Na prática, governos afetados por denúncias de corrupção correm maior risco quando a economia vai mal e o desvio de recursos públicos significa menos dinheiro no bolso da população. Para os brasileiros, a economia vai bem, o país é respeitado no exterior sendo até apontado como exemplo por parte dos dirigentes dos países desenvolvidos. As denúncias de corrupção contra os cinco ministros do governo Dilma Rousseff terminaram causando mais desgaste aos partidos responsáveis pelas pastas do que para a própria presidente da República. E hoje olhando o escândalo que levou ao impeachment de Fernando Collor de Mello, que em 2012 completa 20 anos, pode-se afirmar que o afastamento do ex-presidente foi provocado realmente pela crise da economia, com uma inflação em descontrole mesmo após os recursos dos brasileiros terem sido confiscados pelo governo. Afirmar isso não é subestimar o movimento dos “caras-pintadas, que foi às ruas pedir a queda de Collor. Mas o fato é que o bolso permanece como o órgão mais sensível do corpo humano.