RESUMO DA PALESTRA DE CÉSAR MAIA PARA CANDIDATOS MAJORITÁRIOS

 

(Seminário no Rio de Janeiro, em 04/04/08)

v   É preciso identificar a demanda (o que o eleitor quer) e daí traçar uma estratégia de campanha. Não se pode começar uma trajetória de campanha eleitoral sem uma estratégia.

v   Política é uma coisa antiga: tem raízes. Quanto mais o candidato entender essas raízes, mais ele vai estar preparado para o embate e para o traçado de sua estratégia.

v   Pré-campanha (PC) é fundamental. É quando você interage com a população, ouve suas apreensões, suas demandas, etc. É quando você anda, conhece a cidade, seus problemas. Quem não faz PC tem dificuldades na campanha (C). É como uma foto de antigamente: a PC impregna a imagem no celulóide e a C revela essa imagem. A probabilidade de êxito de quem não faz PC é muita baixa.

v   A força da TV não é mais a mesma. Ela pode ajudar, mas ninguém vai ganhar uma eleição por causa dela. O Eleitor tá se cansando daquela encenação distante, daquela chatice, daquela mesmice. Há um claro retorno do antigo poder de comunicação direta. A força do indivíduo está se sobressaindo.

v   O contato pessoal é absolutamente fundamental. O eleitor quer ver o candidato de perto, conversar, olhar nos olhos, abraçar… Quer ver se a imagem de perto é a mesma que ele via de longe. E o candidato é um personagem, um ator político. Ele precisa saber representar. Precisa ser performático. Não pode frustrar o eleitor. Mas tem que ter cuidado para não ser demagogo ou transparecer ser um fingido.

v   O candidato não pode chegar aos encontros, todo esbaforido, atrasado, suado e ficar com desculpas que foi prá tal lugar, foi prá aquele outro, teve que deixar a menina no colégio, etc. O eleitor não quer saber disso. Ele quer primazia, ser considerado o alvo, o principal, a prioridade. O candidato tem que se arrumar, chegar ao local como se fosse a primeira visita do dia, tem que transmitir que saiu de casa e foi pra lá direto. Lembrar sempre: o candidato é um ator político.

v   Todo candidato tem que ter um discurso-base. Ele tem que ter um tronco, como um tronco de uma árvore. Ele deve reproduzir esse discurso em todo o lugar e ir adornando os galhos dependendo de onde ele esteja e o público a que se dirige. Mas o tronco é o mesmo e deve ser repetido sempre e em todo lugar. Ele vai pegando expertise nesse tronco. No início ele se atrapalha, se embanana com uma pergunta do eleitor, mas depois de dezenas de vezes repetindo a mesma coisa, ele deita e rola. Um candidato não pode chegar numa comunidade, na entrada da rua e pensar “o que é que vou dizer aqui pra esse pessoal?” Esse tá mal! Em política não cabe improvisação. É coisa de profissional.

v   O eleitor quer saber da sua rua, da escola do seu filho, da maternidade, etc. Não quer saber da balança comercial, do PAC, etc. Quer saber do lixo, do trânsito, da segurança. O candidato deve, ao invés, municipalizar a eleição, melhor dizendo, deve esquinizar a eleição! Falar com as pessoas nas ruas, nas esquinas, nos mercados, sobre coisas do dia-a-dia delas, da cidade, do bairro.

v   O Partido e o candidato não podem expor teses de cunho liberalista (liberalismo no campo econômico é a doutrina que enfatiza a iniciativa individual, a concorrência entre agentes econômicos e a ausência de interferência governamental, como princípios de organização econômica). No máximo, podem externar posições social-liberais (ajusta as condições para que todos fiquem no mesmo pé de igualdade e depois então pratica o liberalismo). O melhor mesmo é externar teses conservadoras (casamento, família, tradição, etc). Nosso povo é conservador.

v   O candidato não pode esquecer que política inclusiva por excelência é educação e emprego.

v   A Internet estreita o contato com o eleitor. A Internet individualiza o processo eleitoral. É comunicação direta. Está cada vez mais presente no dia-a-dia das pessoas e o político tem que entender seu papel, que hoje é fundamental.

v   Política tem seu tempo. O candidato tem que ter noção disso. Precisa saber monitorar o tempo. Deve definir o “timing” adequado para apoiamentos, alianças, lançamentos, aparições, etc. Qualquer coisa fora de hora, pode causar grandes problemas.

v   Bater no candidato adversário não dá voto. Não se deve fazer isso para ganhar voto mas, sim, para marcar posição, delimitar espaços. 

v   Os evangélicos já são de 20 a 30% da população. É preciso saber tratar esse segmento. Quem não atentar para isso, pode enfrentar dificuldades.

v   É de transcendental importância saber se diferenciar dentre aqueles que são candidatos, mas estão do nosso lado ideológico ou de afinidades partidárias. Tem que ter uma mensagem diferente, se não fica tudo a mesma coisa e confunde o eleitor.

v   Assim como a TV, que cansa o eleitor com aquela mesmice, a forma de fazer política de rua tem que ser outra. Por exemplo, aquela panfletagem de “linha de produção”, em que se vai entregando papelzinho na rua, já era. Não cativa mais ninguém. É preciso parar, pedir licença, falar do candidato, do nome dele, etc. É melhor entregar menos e ter uma abordagem mais representativa do que massificar a panfletagem nos moldes que conhecemos.

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