REELEIÇÃO DE DILMA: NÚCLEOS DE MAIOR RESISTÊNCIA

Fonte: elaboração própria com base em dados do Ibope

Maurício Costa Romão

Os dados da última pesquisa do Ibope, de 13 a 15 de junho corrente, desagregados por variáveis socioeconômicas e geográficas, apontam que as maiores dificuldades da presidente Dilma Rousseff, no presente estágio da pré-campanha à presidência da República, residem nos estamentos dos brasileiros que têm curso superior, ganham acima de dez salários mínimos de renda familiar e moram do sul do país.

A tabela que acompanha o texto mostra as manifestações dos eleitores sobre a avaliação do governo e intenção de votos (incluindo o eventual segundo turno) para os segmentos selecionados.

 

Os números da avaliação do governo e da maneira de governar da presidente são amplamente desfavoráveis à petista nos três núcleos em apreço.

Na média geral da referida pesquisa do Ibope, que compreende a ponderação de percentagens de todas as categorias e variáveis, os conceitos de ruim e péssimo superaram ligeiramente os de ótimo e bom (33% a 31%). O mesmo acontecendo com a categoria aprova (44%) e desaprova (50%) à maneira de Dilma governar o país.

É oportuno mencionar que a avaliação de governo (ou popularidade) é um dos principais fatores determinantes do voto. Governantes bem avaliados tendem a reeleger-se. Prevalece o sentimento do eleitor de que se as coisas estão indo bem, por que mudar?

O entorno de 30% de avaliação positiva do governo é um percentual considerado baixo para qualificar um incumbente à reeleição*. Mas é bom ter presente que esta variável é apenas uma dentre outras que têm influência nos pleitos.

Já no que diz respeito às intenções de voto apresidente continua liderando as pesquisas, embora tenha estreitado a diferença para o conjunto dos demais adversários, relativamente a levantamentos anteriores, o que amplia a possibilidade de haver segundo turno.

Na pesquisa do Ibope de junho, no cômputo geral das intenções de voto, há empate técnico entre a presidente (39%) e os outros postulantes (40%). Nos segmentos mostrados na tabela, Dilma está em empate técnico com Aécio Neves no Sul do país e entre os brasileiros que têm curso superior e perde no núcleo de renda mais elevada, com números fora da margem de erro.

Quando se questiona o eleitor sobre como ele votaria caso houvesse segundo turno, a presidente chega a perder para os dois concorrentes em intenção de votos, exceto no Sul, quando é confrontada com Eduardo Campos.

 

 

 

Nota-se, portanto, que a presidente tem grandes dificuldades de aceitação nesses núcleos populacionais listados na tabela. E tais dificuldades se estão estendendo para outros segmentos, o que se reflete na média geral dos números das pesquisas. Estas pesquisas apontam também que o brasileiro tem manifestado um forte sentimento de mudança.

Com efeito, desde as insurgências de junho do ano passado as pesquisas detectam que os brasileiros (algo no entorno de 2/3) querem que as ações do próximo presidente sejam diferentes das ações praticadas atualmente.

Destes que querem mudanças, a maior parte prefere que o agente transformador seja alguém que não a própria mandatária nacional.

Enfim, para a presidente reeleger-se, o que parecia fato consumado há um ano, há que superar vários desafios no curto espaço de três meses, dentre eles o de minimizar o elevado grau de insatisfação incrustado na população desde as inquietudes que se manifestaram em meados do ano passado.    

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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br

 

*Vide texto “Dilma: de sinal amarelo para vermelho”, publicado neste blog.

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