Por Maurício Costa Romão
Não há mais nada para se adicionar ao que já se falou das pesquisas eleitorais, contra e a favor. Um breve apanhado das críticas e reclamações, distante anos-luz de ser exaustivo, selecionado aleatoriamente, está reproduzido a seguir, em dois blocos:
Bloco 2
Desagrado geral
“A pesquisa de intenção de voto para governador realizada pelo Ibope e divulgada ontem conseguiu uma proeza: nenhum dos maiores postulantes ao cargo ficou satisfeito com os resultados. Da metodologia utilizada a uma suspeita de manipulação de dados, todo tipo de desculpas foram encontradas pelos candidatos para justificar números ruins. Até mesmo o senador Álvaro Dias (PDT), que lidera a pesquisa, com 35% das intenções de voto, encontrou motivos para reclamar… ‘Temos números que apontam para uma liderança mais folgada’, comentou Álvaro. Números diferentes, aliás, não faltam aos candidatos. O segundo colocado no levantamento, Roberto Requião (PMDB), acredita que mais do que 28% dos eleitores paranaenses votariam nele, como indicou a pesquisa… O candidato do PT, Padre Roque Zimmermann, não escondeu seu desapontamento com os números da pesquisa, que lhe dão 5% da preferência dos paranaenses. A cúpula do partido estimava que Padre Roque largasse com 10% antes do início do horário eleitoral na tevê… Um pouco mais conformado com o resultado, Beto Richa (PSDB) garante que com a propaganda eleitoral sua candidatura irá deslanchar…” [“Candidatos do Paraná reclamam de pesquisa.” Folha de Londrina (08/08/2002)].
Extinção
“Agora irei abordar a questão da pesquisa eleitoral… Temos de nos conscientizar de que uma pesquisa eleitoral é contra a consciência do eleitor, porque ela induz o eleitor antes e durante o processo eleitoral… Tenho convicção de que as pesquisas devem ser extirpadas do processo eleitoral… Alguns poderão divergir do que digo, mas sou uma testemunha viva dos efeitos das pesquisas. Na última eleição para a Prefeitura de Caxias do Sul, na qual fui candidato, no sábado imediatamente anterior à eleição, o CEPA-UFRGS… nos dava um índice de 26% das intenções de voto, contra 52% do atual Prefeito. Entretanto, no domingo, um dia depois, alcançamos mais de 43% dos votos, contra 28% do atual Prefeito. Como explicar ao eleitor uma diferença de mais de 20%? E o prejuízo político? E o prejuízo eleitoral?” [Pronunciamento do deputado José Ivo Sartori na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul (07/11/2002].
Suspensão
“O PMDB de Curitiba, através do advogado Emerson Fukushima, ingressou nesta quinta-feira (18) na 1ª Zona Eleitoral com ação, com pedido de liminar, pela suspensão da nova rodada de pesquisa do Datafolha… entre os dias 19 e 20 em Curitiba. Na mesma ação, o partido coloca em suspeição as pesquisas realizadas até agora por outros dois institutos: Ibope e Vox Populi… Fukushima também aponta que o Datafolha ignora as determinações legais do TSE em relação a metodologia aplicada na pesquisa, que deve ser antecipada ao TRE, notadamente, o plano amostral com as ponderações quanto a sexo, idade, grau de instrução e nível econômico dos entrevistados… Outro agravante, segundo Fukushima, mostra que os dados do Datafolha são semelhantes aos do Ibope e do Vox Populi. “Isso deve ao fato de que também o Ibope e Vox Populi não obedecem aos critérios de ponderação preceituados em lei… O advogado afirma que nestas eleições desde as primeiras divulgações das pesquisas do Datafolha, Ibope e Vox Populi sucedem resultados sempre parecidos e que despontam o candidato situacionista como amplo favorito, chegando ao absurdo de afirmarem que tal candidato possui hoje 78% dos votos válidos, sendo que para outros candidatos indicam apenas 1%.” [“PMDB pede auditagem e suspensão de pesquisas eleitorais em Curitiba”, Blog Boca Maldita (20/09/2008)].
Neutralidade
“Mais uma pesquisa surgiu para mostrar o quadro de disputa e aceitação dos candidatos a prefeito de Jequié. Na divulgada hoje (2), realizada pela Perfil Consultoria & Estatística Municipal LTDA, o candidato Luiz Amaral (PMDB) aparece na frente, com 33,8%. Em seguida vem, respectivamente, Tânia (PP), com 27,5%; Isaac (PT), 14,4% e Selledônio (Psol), com 1,7%. Por coincidência, apareceu um resultado favorável à candidatura que divulgou a pesquisa. Nesta última o PMDB deu publicidade e Luiz Amaral apareceu na dianteira. Na realizada pelo Instituto Nexus, no mês de julho e divulgada em agosto, o comitê de Tânia divulgou e ela surgiu na frente dos outros. A coordenação de campanha de Isaac ainda não deu publicidade a nenhuma pesquisa oficial, registrada, para se observar se os números também favoreciam a ele. Não é preciso dizer que, nestas circunstâncias, cada candidato tenta desacreditar os números apresentados por seus oponentes. Como a disputa está se acirrando, faltando apenas um mês para seu término, o ideal seria surgir um instituto ou empresa neutra – mais reconhecida no mercado – para apresentar, também, o nível de adesão aos concorrentes em disputa na cidade.” [“As pesquisas e as controvérsias”: Sindicato dos Bancários de Jequié, Bahia (02/09/2008)].
Piada
“No último dia 8 de agosto [8/8/2006], o candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin, chamou a atenção da mídia ao classificar como uma ‘piada’ o resultado da mais recente pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). O levantamento mostra o avanço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, de 44,1% em julho, para 47,9% em agosto, enquanto o tucano caiu de 27,2% para 19,7%, sem chance de segundo turno. De acordo com o Sensus, é um dos piores índices de Alckmin desde o início da campanha. ‘Trato de assuntos sérios, acho que isso é uma boa piada. Você leva a sério isso?’, perguntou o candidato aos jornalistas… O Sensus é, ao lado do Ibope, Datafolha e Vox Populi, um dos quatro principais institutos de pesquisa do país.’” [Maurício Reinberg: “Institutos de disputa política”, Leituras Cotidianas, nº 273 (21/08/2006)].