PROPOSTA IRRECUSÁVEL

Edgar Flexa Ribeiro

Blog do Noblat, 26.9.2011

O Deputado Miro Teixeira é hoje um dos parlamentares mais experientes que esse país tem – já deve estar no seu sétimo mandato. E ha horas em que nada substitui a sabedoria fundada na experiência. Nessa mal intencionada conversa sobre reforma política ele faz a única e válida proposta colocada até aqui: vamos fazer um plebiscito e ouvir os patrões, os donos da casa, os verdadeiros e legítimos interessados: suas excelências os eleitores. Em resumo: ouvir o povo a ser representado – e foi Miro quem se lembrou dele.

E Miro tem razão: somos nós, os eleitores, quem tem que falar e decidir sobre o tema, já que somos nós os representados.

Deputado é só representante, e representante não pode decidir acerca de como vai ser escolhido. Isso cabe ao representado, e qualquer outra coisa é usurpação de poder.

Tudo fica pior a cada eleição. Já agora, com a possibilidade de afastar ainda mais o representante do representado caso tenha êxito, a idéia do PT faz das oligarquias partidárias o maior eleitor brasileiro, e nos reduz – reduz o país – a ser o recreio dos “apparatchiks” nativos.

O fato é que somos todos obrigados a comparecer, de quatro em quatro anos, com um papelzinho na mão que nos identifica como cabeças de gado num rebanho, sem admitir outra escolha, para participar de uma monumental fraude da qual resulta a formação de um bando de espertalhões que alegam ser nossos representantes.

Considerem por favor: você, eleitor, sabe apenas o nome em que votou. Sabe só isso, nada mais alem disso.
Você, eleitor a ser representado, e cuja vontade deveria imperar, não tem a menor idéia de quem seu voto serviu para eleger.

Assim que você aperta o botãozinho naquela máquina o seu voto – que é a manifestação de sua vontade – passa por caminhos pelos quais resulta a eleição de um bando de gente que você não conhece, e se conhecesse não votaria, a reboque do acaso ou de tiriricas. E você fica sem saber para sempre quem seu voto elegeu.

E mesmo votando num “cacareco” qualquer, na ilusão de estar protestando, o coitado do eleitor brasileiro participa de uma imensa farsa, na qual a democracia se poluiu e dissolve com nosso aval periódico.

Das duas uma: se o voto é obrigatório, o direito de o eleitor saber quem vai ou não vai ser eleito com seu voto tem que ser respeitado.

Se o voto vai servir para qualquer outro destino ou passar por outros procedimentos, que o voto seja facultativo, e eleitor livre para votar ou não.

E essa escolha é nossa, e de mais ninguém.

Edgar Flexa Ribeiro é educador, radialista e presidente da Associação Brasileira de Educação

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