POPULARIDADE DE OBAMA PAROU DE CAIR, MAS AINDA É NEGATIVA

José Roberto de Toledo

Vox Publica, 03/11/2011

O feito hoje é uma lembrança desbotada, mas Barack Obama foi o presidente norte-americano eleito com maior margem nas últimas duas décadas. Com o “sim, podemos”, encheu os EUA de esperança. Porém, a inabilidade para lidar com a crise econômica herdada do governo George W. Bush minou a confiança da maioria dos norte-americanos na capacidade do seu presidente. E ameaça a sua reeleição.

Hoje, o que mais ajuda o democrata na corrida eleitoral é a incapacidade da oposição republicana de produzir um adversário vencedor.

“Será que Obama é capaz de exercer o cargo?” – essa é a pergunta subjacente à curva de popularidade do presidente desde a posse. Foi um escorregão de quase três anos ladeira abaixo, com dois leves e fugazes momentos de recuperação. O primeiro foi no fim de janeiro deste ano, provocado por seu discurso sinalizando uma guinada ainda mais ao centro do espectro político, que foi bem recebido pelos eleitores independentes. Durou pouco, porém.

Em maio, o assassinato de Bin Laden produziu um pico ainda mais curto de popularidade, que evaporou junto com os empregos e a confiança do consumidor norte-americano.

Obama bateu no fundo no começo de setembro. Desde então, o saldo de sua avaliação (% de “aprova” menos o % de “desaprova”, segundo o Gallup) tem estado consistentemente negativo em -10 pontos percentuais. A um ano da eleição, pode não parecer, mas isso é uma boa notícia para Obama. Pelo menos ele parou de cair antes de chegar ao nível de impopularidade de Jimmy Carter, o último democrata a não conseguir se reeleger.

A média móvel dos últimos 30 dias feita a partir do tracking diário do Gallup mostra que há chance de recuperação para Obama. Seu anúncio de retirada das tropas norte-americanas no Iraque foi bem recebido por 3 em cada 4 eleitores e produziu um soluço positivo em sua aprovação. Depois de meses de más notícias na área econômica, os indicadores de emprego começam a sugerir algum grau de recuperação. É insuficiente para Obama sair do vermelho, mas permite que diga para seus botões “sim, eu posso”.

A chave em qualquer eleição presidencial norte-americana é o eleitorado dito “independente”, aquele que não é republicano nem democrata. Para onde ele pende, vai a avaliação do presidente e as suas chances de reeleição. Desde Bill Clinton que a polarização se exacerbou na política norte-americana: eleitores democratas e republicanos ficam em extremos opostos da opinião pública, aumentando a importância relativa dos independentes.

No gráfico, eles são representados pelas curvas amarelas. Enquanto os democratas (em azul) e os republicanos (em vermelho) se afastam, os independentes convergem para a média (em verde). Se menos da metade deles aprova a gestão de Obama, a média geral do presidente fica negativa.

Isso significa que além de tentar estimular a economia, o emprego e o consumo, Obama deve fazer de tudo para agradar os independentes em seu discurso. Ou seja: mais concessões ao centro. Se serve de consolo, o candidato republicano, seja ele quem for, terá que fazer a mesma coisa, mas no sentido contrário.

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