Maurício Costa Romão
Desde a celebração da coalizão PSB-Rede, na data-limite de 5 de outubro, foram realizadas nove pesquisas nacionais de intenção de votos pelos institutos Datafolha (2), Vox Populi, Ibope (2), Sensus, MDA, Ipespe e Paraná Pesquisas.
Esta última pesquisa foi levada a efeito agora, entre os dias 3 e 7 de dezembro, e apresentou, no cenário mais provável, Dilma Rousseff com 47,2% de intenção de votos, Aécio Neves com 20,5% e Eduardo Campos pontuando 11,3%. O bloco dos indecisos e dos que não iam votar em ninguém alcançou 21%.
O gráfico que acompanha o texto mostra a evolução das intenções de voto atribuídas a Dilma Rousseff, em contraste com a soma das intenções de voto dos possíveis adversários Aécio Neves e Eduardo Campos. Enquanto a linha vermelha se postar acima da linha azul, a eleição se encerraria no primeiro turno, caso fosse realizada nas datas apresentadas no gráfico.
Nas pesquisas do final de novembro e início de dezembro, a presidente parece ter superado a barreira dos 43% de manifestações de voto que lhe obstaculizava como teto. É preciso, todavia, aguardar pelo menos mais um levantamento para que a mudança de patamar se configure como eventual tendência.
A soma das intenções de voto dos mencionados adversários, que tinha atingindo apenas 21% na pesquisa do Ibope de 7 a 11 de novembro, sinaliza tendência de aumento, embora de forma discreta nos últimos três levantamentos.
A distância entre os números de Dilma e os da soma de Aécio e Eduardo é oscilante: já chegou a apenas seis pontos de percentagem, logo após a referida aliança Rede-PSB, atingiu o máximo de 22 pontos no primeiro decêndio de novembro e, agora em dezembro, se situa na casa dos 15,4 pontos (14,6 pontos na média das nove pesquisas).
No que se refere ao cenário mais provável, retratado no gráfico, o quadro eleitoral nesta fase de pré-campanha parece estabilizado, sem indícios de mudanças significativas.
As emoções ficarão por conta das pesquisas que serão realizadas nas fases seguintes do calendário eleitoral:
- Período de 8 de abril (prazo de desincompatibilização e de filiação partidária de magistrados), caso em que se saberia, por exemplo, se o ministro Joaquim Barbosa seria candidato, até às convenções partidárias que se realizam de 10 a 30 de junho de 2014 (quando se conhece, oficialmente, quem vai concorrer por que partido);
- Período de 1 de julho ao início da propaganda eleitoral no rádio e TV (19 de agosto de 2014);
- Período do início da propaganda eleitoral até o dia da eleição (7 de outubro).
Cada etapa dessas terá uma dinâmica político-eleitoral própria, que pode ensejar mudanças no pensamento do eleitor. A ressonância desse pensamento será captada pelas pesquisas, cujos números vão paulatina e progressivamente deixando o aspecto letárgico que apresentam no estágio de hoje.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br