
Por Maurício Costa Romão
O quadro acima apresenta um resumo das três pesquisas divulgadas pela mídia entre ontem e hoje, dias 28 e 29/09. Para permitir comparação com as totalizações oficiais do TRE, os percentuais de intenção de votos estão transformados em votos válidos, isto é, sem os votos brancos e nulos (os votos “indecisos” foram distribuídos proporcionalmente entre os candidatos).
Como as pesquisas não podem ser comparadas entre si, dadas as suas diferenças metodológicas, para neutralizar suas influências individuais foram calculadas as médias de intenção de votos das três, mostradas na última coluna.
Todos os três institutos mostraram que a vantagem de Dilma Rousseff sobre os demais candidatos se reduziu entre os dois últimos levantamentos de cada um (no quadro acima só a última pesquisa é apresentada). A diferença entre a candidata governista e os outros postulantes gravita agora, na média, em torno de 7,2 pontos de percentagem, em termos de intenção de votos.
Ainda assim, se a eleição fosse hoje, Dilma ganharia no primeiro turno, pois teria algo como 3,6 pontos de percentagem, em média, acima dos 50% dos votos válidos que a legislação eleitoral estabelece como o patamar mínimo a ser ultrapassado para que ela possa eleger-se já no dia 3 de outubro.
Então, tudo o mais permanecendo constante, para evitar que o pleito se defina no primeiro turno os demais postulantes precisariam crescer mais que 3,6 pontos de percentagem.
Os resultados recentes das pesquisas causaram grande repercussão, reacendendo as esperanças da “oposição”, de um lado, e causando inquietações nas hostes governistas, de outro.
Segundo esses levantamentos, a perspectiva de um segundo turno aumentou, sem dúvida. Contudo, há que se ter muita cautela com o que foi mostrado até aqui, pois os números ainda não permitem prognosticar, com um mínimo de segurança, o que poderá acontecer em 3 de outubro.
Afora o esperado debate entre os candidatos, os dias que ainda faltam para a eleição – que são uma eternidade – as novas pesquisas que estão por vir, etc., há ainda outros fatores que podem ter influência no resultado da eleição (vide “apreensões no campo governista”, publicado no blog mauricioromao.blog.br).
Tais fatores são, em síntese: (1) o provável aumento da abstenção, devido à exigência de dois documentos ao eleitor; (2) o eventual crescimento da incidência de votos nulos e brancos, resultante da complexidade de se votar em seis cargos, incluindo dois senadores e (3) a possível recorrência da histórica superestimação, pelas pesquisas, das intenções de voto consignadas ao primeiro colocado, quando comparadas com os resultados das urnas.
Os três fatores, se ocorrerem, isolada ou simultaneamente, diminuem os votos válidos, exercendo impacto negativo na votação esperada pelas forças governamentais, favoritas até agora a ganhar o pleito, talvez já no primeiro turno.