O jornal Folha de Pernambuco, na sua edição de hoje, dia 09/05/2010, na coluna de Ricardo Paes Barreto, Folha Política, trata da estranheza do deputado Fernando Ferro relativa às intenções de voto atribuídas ao candidato Humberto Costa para o Senado, dizendo que nas amostras que viu, os percentuais do ex-prefeito João Paulo eram sempre maiores. Sobre o assunto cabem os seguintes comentários.
1) O deputado menciona números de pesquisas internas, não publicadas, que não são de domínio público;
2) A pesquisa publicada, contratada pela direção petista nacional, foi a do Instituto Vox Populi, levada a efeito no Estado de Pernambuco, entre os dias 6 e 10 de abril;
3) Essa pesquisa, que teria balizado a direção do PT para se definir pela escolha de Humberto Costa como candidato ao Senado na chapa situacionista, foi bastante abrangente, tendo considerado seis cenários alternativos, quatro dos quais, os mais importantes, estão retratados na Tabela abaixo;
4) Nos dois primeiros cenários principais, em que se alternam os candidatos petistas, Marco Maciel aparece empatado numérica e tecnicamente com Humberto Costa e à frente oito pontos de percentagem quando João Paulo substitui Humberto, conforme se pode observar nas duas colunas iniciais da Tabela;
5) Em outros dois cenários, quando se consideram os apoios do presidente Lula e do governador Eduardo Campos para Humberto Costa e os apoios do candidato José Serra e de Jarbas Vasconcelos para Marco Maciel, os dois postulantes ao Senado ficam tecnicamente empatados. No cenário com esses mesmos apoios, mas com João Paulo como concorrente, no lugar de Humberto, Marco Maciel tem seis pontos de vantagem sobre o ex-prefeito;
6) Armando Monteiro e Sérgio Guerra aparecem sempre em terceiro e quarto lugares, respectivamente, em qualquer que seja o cenário, mas ambos distantes dos demais concorrentes, com diferenças fora da margem de erro, que é de 3%, para mais ou para menos.
Do ponto de vista numérico, a decisão da executiva do PT em escolher Humberto Costa foi coerente, se o critério de escolha entre os dois candidatos locais da agremiação fundamentou-se no desempenho de cada um, na menciona pesquisa, em termos de intenção de votos.
Tecnicamente, a escolha pode até ser questionada por ter sido baseada em apenas um único levantamento, num determinado momento de tempo (com um dos postulantes tendo mais exposição na mídia, por exemplo), sobretudo levando-se em conta que os percentuais de intenção de votos dos dois candidatos não são assim tão diferentes, nos diversos cenários.
Note-se, também, que é altíssimo o percentual dos respondentes ainda indecisos (brancos, nulos, não sabe, não respondeu), variando de 35 a 38%. Dependendo para onde vão os votos desses indecisos o resultado pode mudar completamente.
Ao que parece, os dados da pesquisa foram usados para respaldar uma decisão política já tomada anteriormente.