PESQUISA ELEITORAL: RESIDENCIAL OU PONTO DE FLUXO?

Eleitor

A equipe de entrevistadores do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) quando vai a campo faz que modalidade de pesquisa, por residência ou por ponto de fluxo? Qual é a melhor?

Maurício Costa Romão

Abordar o transeunte nos pontos de grande aglomeração de pessoas, os chamados pontos de fluxo, é uma técnica tão boa quanto qualquer outra. Como também o é a entrevista nas ruas que não são necessariamente locais de aglomeração. O IPMN pratica mais esta ultima sistemática, porém está aberto para outras modalidades, como a de aplicar questionários “face to face”, nas residências. Às vezes fazemos um mix das duas abordagens, dependendo dos propósitos da pesquisa e/ou da logística do trabalho de campo.

Os entrevistados, no geral, são muito participativos, receptivos. Eles se sentem valorizados como cidadãos. Percebem que o que eles pensam pode ter importância. O público domiciliar, por exemplo, é acolhedor, colaborativo, atende bem o pesquisador. Pode haver uma ou outra dificuldade de abordagem nos condomínios, em alguns prédios de apartamento, na acessibilidade de algumas ruas, mas nada que afete o conjunto. No Rio de Janeiro, em alguns locais dominados pelo tráfico, a situação é mais complicada. Mas aqui no Recife nunca se soube de problemas significativos. Qualquer dificuldade é resolvida com a substituição aleatória do respondente. Não há prejuízo para o conjunto, para a representatividade da amostra.

A abordagem na rua, que é a que a gente mais pratica, é feita através de seleção aleatória de certo número de setores geográficos da cidade e de aplicação de questionários aos moradores desses setores. Por exemplo, segundo IBGE, o Recife tem 1079 setores geográficos, também chamados setores censitários. Se a nossa amostra é de 816 entrevistas e nós aplicamos 12 questionários por setor, então selecionamos aleatoriamente 68 setores entre esses 1079 e fazemos as entrevistas nesses setores, proporcionais à suas populações.

Por exemplo, na zona sul da capital, correspondente à RPA 6, o IBGE aponta uma população de 242 mil pessoas. Se ali são selecionados 17 setores, vamos entrevistar 204 pessoas (17 setores X 12 questionários). Já no centro do Recife, que é menos populoso, bastam apenas quatro setores e um total de 48 entrevistas. Para termos mais segurança sobre a lisura dos procedimentos, depois do trabalho de campo, nós checamos cerca de 20% dos questionários aplicados, junto aos respondentes.

O importante, em qualquer modalidade, é aplicar bem os questionários e preencher as cotas sócio-econômicas pré-estabelecidas. Por exemplo, se na população há 52% de mulheres e 48% de homens, na amostra a gente tem que pesquisar o equivalente de mulheres e homens. Ninguém volta para o Instituto sem preencher as cotas. Se não for assim, compromete-se a representatividade e a pesquisa. Os institutos são muito rigorosos nesses aspectos, pois é aí que reside o temido erro não-amostral, aquele que resulta de procedimentos inadequados no trabalho de campo, na preparação do entrevistador, na utilização de dados defasados, etc.

 

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