Eleitora
Para mim eu vejo dois principais problemas na leitura das pesquisas: um, é o envolvimento emocional do eleitor com o processo eleitoral em si, o que distorce sua compreensão dos números; outro, é uma questão de desconhecimento mesmo, ele, eleitor, mesmo desprendido da carga emocional, também tem dificuldade de interpretar corretamente as pesquisas. Não acha?
Maurício Costa Romão
Você está correta nesses dois pontos. De fato, ademais do contexto emocional, que tem um peso enorme, já que se está lidando com derrotas e vitórias, boa parte da reação do público, do eleitor comum, aos resultados das pesquisas, vincula-se ao desconhecimento quase generalizado das características estatísticas e metodológicas que emolduram a concepção desses levantamentos e do real significado de seus resultados.
Temos observado isso na prática, nas nossas próprias pesquisas. Já detectamos que os termos técnicos costumeiramente utilizados na divulgação das pesquisas não são do conhecimento de diversos entrevistados. Por exemplo, em Pernambuco: 68% dos respondentes não sabem o que é amostra da pesquisa, 59% não têm idéia do seja margem de erro da pesquisa, 58% não sabem o que é empate técnico e o mesmo percentual não sabe o que significa intenção de votos, e por aí vai. Esses números suscitam a hipótese de que reside aí uma das razões pelas quais as pesquisas causam tanta controvérsia: a própria dificuldade de entendê-las e, conseqüentemente, de interpretá-las.
A propósito desse assunto, nós três, Maurício Costa Romão, Adriano Oliveira e Carlos Gadelha, um economista, um cientista político e um estatístico, resolvemos escrever um livro com a preocupação de tornar essa temática mais accessível ao grande público. O lançamento se deu por uma editora nacional no dia 12 deste mês de março de 2012. O livro tem o sugestivo título de “Eleições e pesquisa eleitoral: desvendando a caixa-preta”. Seu objetivo principal é construir uma ponte de ligação entre o leitor e o mundo das pesquisas eleitorais mas, diferentemente dos compêndios usuais, fazendo isso de forma bastante didática, simples e direta, sempre com um pé na realidade, mediante ilustração e interpretação da evidência empírica.