

Por Maurício Costa Romão
Datafolha
A última pesquisa do Datafolha de 08 e 09 de setembro (gráfico rosa), realizada com 1084 entrevistados e margem de erro de 3%, para mais ou para menos, mostrou poucas variações na corrida para o Senado em Pernambuco, em relação a 15 dias atrás.
Humberto Costa, que lidera as intenções de voto em todas as pesquisas dos vários institutos, permaneceu com os mesmos 44% do levantamento anterior, de 23 e 24 de agosto, Marco Maciel oscilou um ponto, negativamente, e Armando Monteiro e Raul Jungmann tiveram crescimento de um e dois pontos respectivamente. Todas as variações se deram dentro da margem de erro.
Considerando os quatro levantamentos do Instituto desde julho, apenas Marco Maciel perde pontos de intenção de votos, mas os outros candidatos cresceram pouco, com oscilações de um e dois pontos apenas. A evolução positiva e contínua das intenções de voto de Armando Monteiro e Raul Jungmann, nas últimas três pesquisas, são sinais positivos de eventual configuração de tendência.

Todos os Institutos
Observando as pesquisas de todos os institutos, levadas a efeito mais recentemente, em agosto e setembro, nota-se que apenas Raul Jungmann oscilou positivamente, três pontos de percentagem de intenções de voto, desde o primeiro levantamento de agosto (vide gráfico azul). Neste lapso de tempo, Humberto Costa e Armando Monteiro caíram três e um ponto, respectivamente, enquanto Marco Maciel permaneceu com os mesmos percentuais.
Computando-se apenas os resultados das três últimas pesquisas, no contexto de que os trabalhos de campo mais recentes expressam os sentimentos mais atuais dos eleitores, vê-se, no gráfico azul, que a disputa para o Senado segue sem grandes variações nos percentuais de intenção votos atribuídos aos quatro principais candidatos.
Média
É interessante analisar a evolução das intenções de voto dos quatro candidatos sob o prisma de “médias móveis” (rolling averages), levando-se em conta todas as 12 pesquisas registradas e publicadas na mídia, desde maio do corrente [IMN (1), DiarioData (1), Vox Populi (1), Exatta (2), Ibope (3), Datafolha (4)].

A vantagem de se utilizar uma medida de tendência central – a média, no caso – é que ela neutraliza parcialmente a influência individual de um dado instituto sobre os números, quer dizer, sobre as intenções de voto.
As médias vão evoluindo consoante a seguinte seqüência (vide gráfico marrom): média de todas as pesquisas, média do mês de julho, média do mês de agosto, média das últimas três pesquisas e média das duas últimas pesquisas, que inclui o resultado mais recente da pesquisa do Datafolha.
Para verificar a trajetória da média de intenção de votos tome-se, inicialmente, a seqüência temporal que vai do mês de julho às duas últimas pesquisas.
Neste período, tirante a média de Marco Maciel, que tem uma queda relativamente pouco expressiva de 4,0 pontos de percentagem, a média dos demais candidatos aumentaram, com destaque para a de Humberto Costa, que cresceu 5,5 pontos.
À medida que as médias vão-se movendo para períodos mais recentes, suas oscilações horizontais têm pouca variação de um período para outro, e as distâncias verticais entre as médias dos candidatos guardam uma relativa estabilidade.
É de se notar que, de agosto para cá, todos os quatro candidatos tiveram crescimento em suas médias de intenção de votos. As de Humberto Costa e Raul Jungmann evoluíram pouco, mas continuamente, fato que apresenta indícios de tendência, principalmente no caso de Humberto, que desde julho vem num crescendo sistemático. A média de Marco Maciel também não se alterou muito, porém o sentido de sua evolução não permite antecipar tendência, enquanto a de Armando Monteiro chega a crescer 3,2 pontos, mas se estabiliza nos levantamentos mais recentes.
Considerações Finais
Os números da última pesquisa Datafolha, combinados com os dos demais institutos que fizeram levantamentos em Pernambuco para o Senado Federal, apontam para um quadro recente de estabilidade entre os quatro principais candidatos.
A liderança da corrida permanece relativamente folgada para Humberto Costa: cerca de 11 pontos de percentagem de intenção de votos para o segundo colocado, Marco Maciel, e aproximadamente 16 pontos para Armando Monteiro, em média,considerando as últimas pesquisas.
Os números apresentados remetem a disputa, então, provisoriamente, ao embate pela segunda vaga entre Marco Maciel e Armando Monteiro.
A estratégia da situação de mobilizar as forças majoritária e proporcional, no sentido de incentivar a “votação casada” nos dois candidatos de suas hostes, e assim, alavancar a candidatura de Armando, que vinha mais atrás, meio distante, em terceiro lugar nas pesquisas, parece ter surtido efeito, porém menor que o esperado.
De fato, nota-se uma relativa estabilidade nos números de Armando, do mês de agosto para cá, situando-se no entorno dos 30% de intenção de votos sem, entretanto, nunca tê-los ultrapassado.
Maciel, por outro lado, parece ter estancado as quedas mais abruptas havidas antes e se estabilizou na frente de Armando com cerca de cinco a seis pontos à frente, na média das últimas pesquisas (todavia, pelo Datafolha, já haveria empate técnico entre os dois postulantes).
O quadro geral do pleito para o Senado é de indefinição, até mesmo para Humberto, não obstante sua liderança nos percentuais de intenção de votos. Uma primeira razão dessa incerteza repousa no enorme contingente dos eleitores que ainda não decidiram seu voto. Somados com os votos brancos e nulos declarados nas pesquisas, o total de eleitores que não sabem em quem votar beira a casa dos 50%.
Naturalmente, à medida que a data do pleito se aproxima, os indecisos vão-se paulatinamente decidindo pelas candidaturas postas e aí, mais à frente, diante de novos levantamentos, a destinação dos votos desses eleitores ficará mais nítida.
Outra razão não menos relevante é a do segundo voto dos eleitores, distribuído pelas várias postulações.
Qual o grande problema que temos nos dados (relatórios) das pesquisas para senador? Algumas das pesquisas informam quantos por cento cada candidato teve como segunda opção, mas não dizem, por exemplo, quantos por cento dos eleitores de primeira opção de Humberto preferem Maciel, ou Armando, ou Jungmann, na segunda opção, e vice versa.
Em outras palavras, um determinado candidato teve, por exemplo, 30% de intenções de voto na primeira opção e 18% na segunda. A questão é saber de onde vieram esses 18%.
Outras pesquisas já fazem as ponderações internas de intenção de votos entre 1ª e 2ª opções e apresentam e divulgam os resultados globais. Neste caso não se sabe nem quantos por cento cada candidato teve em cada opção.
Outras, ainda, não têm nem primeira nem segunda opções, como a do Datafolha (e de outros institutos, feito o DiarioData), que mostra a cartela para o entrevistado e numa mesma pergunta pede para ele declarar suas preferências para os dois candidatos simultaneamente. Veja-se a pergunta do Datafolha:
“Nas eleições desse ano, você poderá escolher também dois senadores. Se a eleição para senador fosse hoje, em quais destes candidatos você votaria? Em qual mais?”
Assim, na ausência de informações mais concretas, passa-se a conjecturar sobre a destinação e distribuição do segundo voto, mas sem a necessária evidência empírica para os confrontos numéricos.
Esses dois elementos de incerteza – elevado contingente de indecisos e distribuição percentual do segundo voto pelos eleitores de cada candidato – torna a eleição para o Senado, a esta altura, apenas com as informações das pesquisas realizadas até agora, de difícil previsão.