Por Adriano Oliveira – Cientista Político
Pesquisas eleitorais servem para evidenciar a opinião do eleitor sobre algo em dado instante. Elas servem para fazer prognósticos, já que elas podem apontar tendências. As pesquisas possibilitam a construção de estratégias eleitorais.
Críticas as pesquisas eleitorais são corriqueiras. Elas precisam, necessariamente, existir. No entanto, as criticas devem ser realizadas por pessoas gabaritadas. Denúncias contra institutos de pesquisas ocorrem, mas são geralmente vazias, pois são motivadas meramente por insatisfação de alguém.
Imprensa, políticos e eleitores, quando estão diante dos dados de uma pesquisa, procuram, em primeiro lugar, verificar quem está na frente. Alguns destes atores, em razão de algum tipo de envolvimento ou por identificação ideológica, chegam a dizer que a pesquisa está errada, pois a margem de votos do seu candidato é muito superior ao que a pesquisa aponta. Ora, com base em quê o crítico da pesquisa pode afirmar isto?
Pesquisas são geralmente comparadas. A pesquisa do instituto X mostra que o candidato Z tem 64% de intenção de votos. E o outro instituto evidenciou que este mesmo candidato tem 58% de intenção de votos. Diante desta diferença, o crítico não se preocupa em comparar as metodologias. E em fazer algo simples: verificar os períodos da realização das pesquisas.
É factível comparar pesquisas. Contudo, é deve-se verificar a margem de erro e o período da realização de cada uma delas. A análise do conjunto de pesquisas possibilita que o analista aponte tendências do eleitorado. São estas, por sua vez, que evidenciarão as chances de vitória do candidato. No entanto, não basta apenas apontar a tendência. É necessário identificar as razões do desempenho de cada candidato.
A literatura acadêmica brasileira mostra que administração bem avaliada, preferência partidária, ideologia, bem-estar econômico do eleitor e guia eleitoral são variáveis que podem incentivar a escolha do eleitor. É possível verificar os efeitos destas variáveis através de pesquisas. Por conseqüência, predições eleitorais podem ser realizadas.
As predições são construídas através da formulação de cenários, os quais podem ser eliminados pelo analista no decorrer da trajetória eleitoral em razão das diversas pesquisas que atestam, atestarão ou não a influência das variáveis citadas.
É importante salientar que existem as pesquisas quantitativas e qualitativas. As primeiras servem para verificar a intenção de votos e as razões do comportamento do eleitor. A pesquisa qualitativa não revela a intenção de votos, mas identifica os motivos que levam o eleitor a votar em dado candidato. Elas também identificam o desejo do eleitor quanto às suas necessidades e as características destes. Com isto, é possível adequar o discurso e a imagem do candidato às aspirações do eleitorado.
As pesquisas eleitorais – quantitativas e qualitativas – servem, portanto, quando aplicadas adequadamente e analisadas corretamente, para decifrar o comportamento do eleitor e prognosticar resultados. Os institutos de pesquisas, inclusive, não devem ter receio de apontar, no momento adequado, quem deve ser o vencedor da disputa.