O PT EM PERNAMBUCO: NÚMEROS ADVERSOS

 Maurício Costa Romão

O comando nacional do PT acaba de enviar representante oficial a Pernambuco (deputado federal Paulo Teixeira, secretário-geral da sigla) na expectativa de “pacificar” os ânimos locais e unificar a legenda para o pleito de 2014. 

A tarefa, árdua sob todos os títulos, poderá ser parcialmente levada a efeito pela necessidade de o partido montar palanque no estado para ancorar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição, se o governador Eduardo Campos lançar-se à disputa.

Os analistas já esmiuçaram ad nauseam a chafurdação petista na eleição municipal de 2012, no Recife, que, de tão autofágica, culminou com a perda da administração da cidade e deixou sequelas pessoais e políticas irreparáveis.

Sobre esse episódio, portanto, não há necessidade de mais adendos. Ainda assim, parece oportuno desfilar alguns números do desempenho do partido entre as eleições municipais de 2008 e 2012, no Estado de Pernambuco.

São vários os indicadores numéricos normalmente trazidos à baila nas eleições municipais para aquilatar desempenhos eleitorais dos partidos ao cabo dos pleitos:

(a) número de prefeituras conquistadas; (b) votação recebida nessas prefeituras; (c) população governada pelos prefeitos eleitos; (d) orçamento dos municípios onde a vitória se deu; (f) alianças partidárias vitoriosas; (g) vitória na capital do estado; (h) locais a serem geridos com mais de 200 mil eleitores, (i) fortalecimento das bancadas legislativas (eleição de determinado número de vereadores), etc.

O tipo de “prova” do sucesso eleitoral do partido, a ser pinçado nesse rol, vai depender de como determinada sigla se comportou nas urnas. Se o resultado não foi bom, por exemplo, em termos do quantum de prefeituras conquistadas, mas foi destacado no contingente populacional que os prefeitos eleitos administrarão, é sobre esta variável que o discurso triunfalista repousará.

Mas há resultados que são incontestes, independentes dos indicadores selecionados e da apreciação particularizada do analista. Veja-se o caso do PT na eleição municipal de 2012, em comparação com 2008, no Estado de Pernambuco, e tome-se como referência o conjunto de dados desfilados na Tabela que acompanha o texto, relativos aos itens (a), (b), (c) e (i), listados acima.  

 Os números registrados pelo PT são bastante desencorajadores, principalmente por conta da perda da capital do estado, diminuindo a importância política de quaisquer outros resultados positivos, que foram poucos.

A agremiação petista conseguiu um acréscimo de cinco prefeituras, relativamente ao pleito passado, mas viu seus votos diminuírem em 30%, além de governar menos 73,1% de munícipes. Também não teve êxito no número de parlamentares eleitos, já que o contingente que ascendeu às Câmaras foi 6,4% menor que em 2008.

Tais números mais do que justificam a tentativa de pacificação da sigla!

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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e de Mercado, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br, https://mauricioromao.blog.br.

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