
Maurício Costa Romão
Os números da pesquisa de intenção de votos do IPMN para prefeito do Recife, com trabalho de campo nos dias de 24 e 25 de setembro, divulgados na web, nesta quarta-feira, 26/09, pelos portais LeiaJá e NE 10 (Geraldo Júlio com 40% de intenções de voto, Daniel Coelho com 21%, Humberto Costa com 19% e Mendonça Filho com 4%), trazem algumas revelações dignas de nota.
Revelações
A primeira e mais notável é a constatação de que Humberto Costa, pela primeira vez na série de levantamentos do IPMN, reverteu sua tendência de queda sistemática de intenção de votos e cresceu três pontos de percentagem entre as duas últimas enquetes, passando de 16% para 19%.
A segunda revelação importante desta última pesquisa é a de que, também pela primeira vez, Daniel Coelho, que vinha em contínua ascensão de intenções de voto desde o início do guia eleitoral tem uma discreta queda de um ponto de percentagem, involuindo de 22% para 21%.
A terceira revelação, não menos significativa, é a de que os números de Geraldo Júlio, depois de ligeira interrupção, retomaram a trajetória ascendente exibida desde o primeiro levantamento e atingem, também pela vez primeira, a casa dos 40% de intenções de voto.
As ascensões de Humberto e Geraldo, bem como os declínios de Daniel e Mendonça, derem-se dentro da margem de erro das pesquisas, que é de três pontos de percentagem, para mais ou para menos. Quer dizer, essas oscilações podem até nem ter ocorrido, não sendo, portanto, indicativas de conquista ou perda efetiva de eleitores.
Primeiro turno?
Ao atingir 40% de intenção de votos nesta pesquisa IPMN dos dias 24 e 25 do mês em curso, 19 pontos à frente do segundo colocado, Geraldo Júlio consolida ainda mais sua liderança no processo eleitoral deste ano, no Recife. A grande questão segue sendo quanto à possibilidade de a eleição ter desfecho no primeiro turno.
Adicionando o percentual de intenções de voto da oposição ao de Humberto Costa, em cada uma das duas últimas pesquisas, tem-se 44% dos votos totais. Portanto, a soma dos votos dos petistas com os votos da oposição (Daniel + Mendonça) continua sendo maior do que os votos de Geraldo Júlio, não obstante o pessebista haja crescido dois pontos de uma pesquisa para outra.
Esse quadro numérico configura a ocorrência de segundo turno, se a eleição fosse hoje, pois as intenções de votos da candidatura líder são menores que a soma das intenções de voto dos demais concorrentes.
Acontece que a eleição não é hoje. É daqui a onze dias. Mas para que ela se encerre na sua primeira etapa, o representante do PSB teria que amealhar, no dia 7 de outubro, um pouco mais de 45% dos votos totais, cinco pontos acima do que tem hoje.
Este percentual de 45% dos votos totais representaria 50% dos votos válidos, considerando que a categoria de votos brancos, nulos e indecisos, detectada em 16% nesta última pesquisa, registre, no dia da eleição, um resíduo de cerca de 10% de votos brancos e nulos, tal qual como aconteceu em 2008.
No estágio atual de informações das pesquisas não há elementos para prognosticar, com razoável margem de segurança, se a eleição terminará na sua primeira etapa ou se vai prolongar-se até a segunda.
As novas oscilações de Geraldo (positiva), Humberto (positiva), Daniel (negativa) e Mendonça (negativa), este último vindo de discreta recuperação na pesquisa dos dias 20 e 21/09, precisam ser referendadas em outros levantamentos para se aquilatar tendências.
Como a ocorrência ou não de segundo turno pode vir a ser decidida, como tudo indica, no “olho mecânico”, não se deve olvidar também dos poucos votos, mas extremamente significantes nos finais das eleições, dos candidatos menos competitivos.
O quadro eleitoral se descortina ainda obscuro quanto ao seu desfecho nesta fase. Há necessidade de novos levantamentos para clarear o horizonte.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e de Mercado, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br, https://mauricioromao.blog.br.