JOÃO PAULO E SEU CAPITAL ELEITORAL

 

Maurício Costa Romão

As pesquisas do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), relativas à eleição de 2012 para prefeito do Recife, levadas a efeito em dezembro do ano passado e em janeiro e março do corrente, publicadas pelo Portal LeiaJá e pelo Jornal do Commercio, mostram que o deputado federal João Paulo desequilibra o jogo eleitoral quando é apresentado como candidato do PT à sucessão municipal. De fato, o ex-prefeito, nesta última pesquisa de março, lidera com folga o cenário no qual aparece como a opção petista, atingindo expressivos 41% de intenção de votos, secundado, bem mais atrás, pelo ex-governador Mendonça Filho, com 15%.

Em termos tendenciais, todavia, há indícios de que a eventual postulação do deputado, vista pelo prisma do eleitor, vem perdendo força. Em dezembro de 2011, João Paulo alcançou a média de 47% de intenção de votos em dois cenários da época. Em janeiro, o ex-prefeito teve 44,5%, também numa média de dois cenários. E, agora, crava em 41% em cenário único. Entretanto, pelo fato de os pré-candidatos dos diferentes cenários dos três levantamentos não serem exatamente os mesmos, deve-se ter o devido cuidado com comparações evolutivas.

Essa possível tendência declinante é reforçada pelas manifestações espontâneas dos eleitores, que também apontam para progressiva diminuição das intenções de voto para João Paulo, cujos percentuais passaram de 33% em dezembro, para 32% em janeiro e, finalmente, 29% em março, involução, contudo, ocorrida dentro da margem de erro de 3,5 pontos de percentagem, para mais ou para menos.

É oportuno mencionar que as pesquisas IPMN vão além das intenções de voto e buscam, também, captar alguns aspectos emocionais dos eleitores, expressos em sentimentos que são manifestados espontânea ou induzidamente aos entrevistadores. A junção das intenções de voto com os sentimentos permite ter-se um panorama mais completo da paisagem eleitoral.

O quadro a seguir desfila algumas questões que foram submetidas ao eleitor nas sucessivas pesquisas do IPMN e nas quais foram selecionadas aquelas que diziam respeito ao ex-prefeito João Paulo.

Fonte: autoria própria, com base em pesquisas do IPMN

De maneira geral os dados do quadro mostram indícios de arrefecimento do peso político-eleitoral de João Paulo no pleito deste ano no Recife, a começar pelas intenções de voto, já comentadas. Verdade é que as variações dos percentuais de uma pesquisa para outra se dão dentro da margem de erro. Ainda assim, como são vários quesitos envolvidos, a maioria com a mesma tendência declinante, é de se suspeitar que esteja em curso um efetivo processo de menor influência do deputado nesta eleição.

Quais os fatores explicativos desse processo?

Em primeiro lugar o deputado tem estado mais ausente do Recife, voltado para o exercício de suas atividades parlamentares, o que diminui sua exposição na mídia e maior aproximação com o eleitor; em segundo lugar pode estar havendo compreensão mais nítida do eleitorado de que o ex-prefeito dificilmente será candidato, já que João da Costa, embora ainda fragilizado política e eleitoralmente, tem-se movimentado cada vez mais como o real postulante situacionista; em terceiro lugar houve uma discreta, porém nítida, recuperação de João da Costa entre as pesquisas de janeiro e março, o que tende a subtrair pontos de diversos quesitos da oposição e do próprio João Paulo, considerando que a categoria de votos brancos, nulos, não sabe, não respondeu teve variação relativamente pequena.

João Paulo goza de apreciável prestígio popular e de inegável capital eleitoral. Como todo capital, todavia, se não tiver manutenção, reposição e investimento, tende a se depreciar.

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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e de Mercado,

e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br . https://mauricioromao.blog.br.

 

 

 

 

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