Eleitor
“Gostaria de elaborar um pouco mais essa questão do erro nas pesquisas. Nós já vimos resultados muito discrepantes das pesquisas, erros grosseiros. O exemplo que você mesmo deu da Bahia é paradigmático, repercutiu no país todo. Os institutos nunca admitem estar equivocados. Sempre têm uma explicação. O resultado da Bahia, por exemplo, não foi erro dos institutos?”
Maurício Costa Romão
Primeiro, você tem razão, é raríssimo um instituto admitir que errou. Apesar da arrogância dos institutos, as pesquisas erram. Felizmente o fazem em quantidade disparadamente menor do que acertam. Mais à frente, vamos qualificar o que se entende por erro em pesquisa. Mas veja, recentemente, o Ibope, através de Márcia Cavallari, fez uma mea culpa na eleição da Paraíba em 2010.Um dia antes daquela eleição (02 de outubro), o Ibope considerou Zé Maranhão vencedor do pleito no primeiro turno, com 52% dos votos válidos. Na boca de urna do dia 03 previu também Zé Maranhão à frente. Abertas as urnas, Ricardo Coutinho teve mais votos que Zé Maranhão e a eleição foi para o segundo turno.
No segundo turno o Ibope errou de novo, inclusive na pesquisa de boca de urna. Quem se elegeu foi Coutinho com 54% contra 46% dos votos válidos. A gritaria lá no estado paraibano foi grande contra o instituto. O Ibope foi elegante e reconheceu que precisava rever seus procedimentos na Paraíba.
Mas o ponto fundamental é: quando um instituto erra? Tecnicamente, só existe erro se os prognósticos do instituto ficam fora da margem de erro, quando os resultados são comparados com os dados oficiais da eleição. A lei fundamental é essa: resultados fora da margem são considerados erros de previsão dos institutos de pesquisa. Por esse critério, então, o Ibope, e todos os demais institutos erraram na Bahia. Mas esse ponto suscita outra questão.
Naquele pleito, houve um movimento inesperado na última semana que contaminou muita gente. Uma espécie de “onda de opinião”, como chamou o cientista político Jairo Nicolau. Apesar da bem avaliada gestão de Paulo Souto, de repente a população resolveu mudar, fazer uma nova experiência, dar um basta no continuísmo, frear o reinado do Carlismo. E aí as pesquisas não têm instrumentos nem velocidade para acompanhar esses movimentos inesperados. Terminam errando os prognósticos. Aconteceu em 2008 com Lacerda, em Belo Horizonte, e Gabeira, no Rio de Janeiro. Tivemos em 2010 a “onda verde”, de Marina, a repentina ascensão do senador Aloysio em São Paulo, etc. Mas esses são casos atípicos. Sem essas oscilações abruptas, os índices de acertos dos institutos são acima de 95%.