EMOÇÕES NO FINAL

Fonte: elaboração própria, com base em pesquisas do IPMN

Maurício Costa Romão

Novos números da última pesquisa de intenção de votos do IPMN para prefeito do Recife, com trabalho de campo nos dias de 27 e 28 de setembro, foram divulgados na web, na madrugada deste domingo, 30/09, pelos portais LeiaJá e NE 10.

Os resultados detalhados deste levantamento serão publicados ainda hoje pelo JC. O candidato pessebista, Geraldo Júlio, atingiu agora 42% de intenções de voto (subiu dois pontos em relação à pesquisa anterior), Daniel Coelho pontuou 22% (cresceu um ponto), Humberto Costa voltou para 16% (caiu três pontos) e Mendonça Filho, com 3%, perdeu um ponto.

Linhas

O gráfico 1, constante do texto, mostra a evolução das intenções de voto de Geraldo Júlio, contrastada com a trajetória da soma das intenções de voto dos demais candidatos, incluindo neste conjunto os menos competitivos. Os levantamentos são todos do IPMN e o período considerado é de julho a setembro, meses de campanha pós-convenções partidárias.

É oportuno atentar para a interpretação do gráfico. Enquanto a linha vermelha (representando todos os candidatos menos o pessebista) se perfilar acima da linha azul, com percentuais de intenção de votos fora da margem de erro, a soma das intenções de votos dos demais candidatos é maior que a pontuação do líder.

Nestas circunstâncias a eleição tende para o segundo turno, se ela fosse realizada em qualquer das datas antes do levantamento dos dias 10 e 11/09. Observe-se que a partir da mencionada data há um acentuado estreitamento entre as duas linhas, culminando com superposição (overlapping) entre elas na última pesquisa.

O resultado em destaque no gráfico, 42% a 42%, configura empate numérico (e técnico), significando que, em termos de votos válidos, o candidato representado pela linha azul teria alcançado 50% dos votos válidos, necessitando de apenas um voto adicional para sacramentar a eleição no primeiro turno, se ela se realizasse hoje.

Médias

Fonte: elaboração própria, com base em pesquisas de vários institutos

 

Fonte: elaboração própria, com base em pesquisas de vários institutos

 

Para os propósitos desta seção do texto não se exige o requisito de que as pesquisas tenham sido geradas a partir de uma mesma fonte. Elas podem provir de institutos diferentes, com distintos desenhos de concepção. A ideia subjacente é catalogar seus resultados à medida que vão sendo divulgados e, depois, colocá-los em seqüência de data de trabalho de campo para possível visualização de tendência.

 

Uma forma de se vislumbrar tal tendência é sintetizar os diferentes percentuais de intenção de votos consignados aos candidatos através do expediente de média móvel (rolling average). Esta média vai se movendo horizontalmente, período a período, em um dinâmico processo de inclusão/exclusão de informações.

 

A tabela e o gráfico 2 expõem essas médias móveis de intenção de votos. Elas ajudarão a identificar movimentos que possam auxiliar na conjectura sobre a eventual ocorrência ou não de segundo turno.

Nota-se, de pronto, que a média de intenção de votos de Geraldo Júlio é sempre crescente, de período a período. Isso significa que, independente dos resultados individuais de um determinado instituto, suas intenções de voto, em média, estão sempre em ascensão, à medida que o tempo vai passando. Este desempenho é muito importante na reta final do pleito para uma postulação que almeja vê-lo encerrado na sua etapa inicial.

 

Humberto Costa e Daniel Coelho tiveram seus movimentos descendente e ascendente, respectivamente, interrompidos entre os dois últimos períodos, o que suscita a necessidade de novas rodadas de pesquisa para aquilatar trajetórias mais nítidas.

 

De qualquer sorte, já se detecta certa estabilidade recente de Daniel no entorno de 21% a 22% das intenções de voto, e de Humberto com uma fatia do eleitorado gravitando ao redor de 17% a 18%.

 

O importante aí é que, na soma, as médias dos dois postulantes têm-se circunscrito a um patamar de no máximo 40%. Este teto auxilia a candidatura líder a lograr êxito no primeiro turno, já que a pontuação de Mendonça Filho é declinante e os candidatos menos competitivos alcançam apenas 1%.

 

Considerações finais

 

Com média sempre crescente de intenção de votos e ao atingir, pela primeira vez, a casa dos 50% de votos válidos (não só nas pesquisas do IPMN, mas em qualquer outra pesquisa de qualquer instituto até agora publicada) Geraldo Júlio dá um passo gigantesco para ganhar a eleição já no seu primeiro escrutínio.

 

Acresce força a essa possibilidade a trajetória de intenções de voto de Humberto Costa e Daniel Coelho verificada nestes últimos dez dias de setembro. A média de intenção de votos do senador neste lapso de tempo é de 16,8% e a do candidato tucano de 22%, ambas com variâncias muito pequenas, denotando estabilidade no entorno desses números, qualquer que seja o instituto que os tenham gerado.

 

Seriam exatamente esses dois candidatos que poderiam imprimir oscilações positivas em suas intenções de voto, mesmo que pequenas, que viessem, isolada ou conjuntamente, forçar a realização do pleito em dois turnos. Isso não está ocorrendo nos últimos 10 dias.

 

Entretanto, ainda resta a última semana antes do dia 7 de outubro e, em eleições, uma semana é uma eternidade… Tudo pode acontecer, inclusive nada, e a atual configuração se manter tal e qual, com variações marginais que não afetem o desfecho que se avizinha.

 

Assim, se não houver fatos novos e impactantes, “ondas de opinião”, acontecimentos imponderáveis, os embasamentos numéricos, técnicos e político-eleitorais que emolduram a atual corrida à prefeitura apontam para um pleito em uma só etapa, ainda que provavelmente decidido no olho mecânico!

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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e de Mercado, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br, https://mauricioromao.blog.br.

 

 

 

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