
Maurício Costa Romão
O gráfico que acompanha o texto mostra a evolução das intenções de voto de 18 pesquisas de diversos institutos divulgadas em Pernambuco desde abril deste ano, incluindo a do Datafolha dada a conhecer ontem (26/09).
Até o dia 13 de agosto, data do falecimento do ex-governador Eduardo Campos, foram realizados seis levantamentos, incluindo o dos dias 12 e 13, da lavra do Datafolha. Neste período as médias de intenção de votos dos dois principais candidatos ao senado foram 36% e 16% para João Paulo e Fernando Bezerra Coelho, respectivamente.
A partir daquela data os 12 levantamentos subsequentes revelaram que as intenções de voto do candidato petista circunscreveram-se ao patamar de 29% a 35%, exceto na última pesquisa do Datafolha, dos dias 25 e 26, quando João Paulo alcançou 37%. A média do oposicionista, neste período, foi 33%.
Fernando Bezerra, por seu turno, ajudado pela forte alavancagem de Paulo Câmara na sua postulação para governador, após a tragédia do dia 13 de agosto, vivenciou um crescimento contínuo de intenções de voto desde então, apesar de numericamente discreto.
O ex-ministro chegou até a ultrapassar João Paulo na pesquisa do IPMN dos dias 22 e 23 deste mês. Foi a primeira vez que isso aconteceu na série de pesquisas de todos os institutos. No lapso de tempo que se inicia em 13 de agosto e vai até a pesquisa do Datafolha, a média de intenção de votos de Fernando Bezerra é de 26%.
Nesta campanha para o senado em Pernambuco há vários fatores interagindo simultaneamente: a emoção da morte de Eduardo Campos, o lulismo, os desempenhos dos candidatos a governador, a disputa presidencial e as biografias dos próprios postulantes.
O eduardismo, para citar a expressão cunhada por Adriano Oliveira, ainda fortemente impregnado de emoção, se contrapõe ao lulismo, equilibrando o jogo senatorial neste campo.
As candidaturas senatoriais geralmente guardam correlação com as governamentais. O desempenho do postulante ao governo tende a arrastar o parceiro de chapa. Mas há inúmeras exceções em que o candidato ao senado de desprega da majoritária principal. Jarbas Vasconcelos aqui mesmo em Pernambuco é um exemplo. Antônio Anastasia em Minas Gerais, nesta campanha, é outro.
Algumas vezes, inclusive, o candidato a senado deslancha na frente do companheiro de chapa governador e segue independente, como é o caso presente de Álvaro Dias no Paraná e Tasso Jereissati no Ceará.
Aqui, João Paulo sempre demonstrou correr em faixa própria, meio que independente do desempenho de Armando Monteiro. Fernando Bezerra pareceu mais acompanhar o que acontecia com Paulo Câmara, desde o início da campanha.
As candidaturas presidenciais não parecem estar influindo nas manifestações de voto dos disputantes ao governo e, muito menos, ao senado. Tanto assim é que as pesquisas mostram Paulo Câmara à frente de Armando Monteiro e Dilma Rousseff batendo Marina Silva local e nacionalmente, enquanto as candidaturas ao senado estão parelhas.
Os dois postulantes ao senado têm excelentes biografias pessoais, políticas e eleitorais, o que também contribui para equilibrar a disputa no estado.
Enfim, chega-se à semana do pleito e ainda não é possível prognosticar quem poderá ser o senador eleito, até porque as duas últimas pesquisas trouxeram resultados divergentes, uma apontando vantagem de Fernando Bezerra e outra, de João Paulo.
Os futuros e últimos levantamentos eleitorais devem clarear um pouco mais esse horizonte de indefinições.
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Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia, é consultor da Contexto Estratégias Política e Institucional, e do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau. mauricio-romao@uol.com.br, https://mauricioromao.blog.br.