
Por Maurício Costa Romão
Até o mês de maio de 2010, levando-se em conta 15 pesquisas nacionais realizadas desde setembro do ano passado, pelos quatro grandes institutos que têm coberto a corrida presidencial (Vox Populi, Datafolha, Sensus e Ibope), nenhum deles havia registrado vantagem de Dilma sobre Serra em intenção de votos. Durante esse período a média de intenção de votos de José Serra manteve-se em dez pontos de percentagem maior que a de Dilma Rousseff: 35,2% contra 25,3%.
A partir de maio, mais precisamente com a pesquisa do Vox Populi, realizada entre os dias 8 e 11, que apontou pela primeira vez, entre todos os levantamentos, uma vantagem de três pontos de percentagem para a ex-ministra sobre o candidato tucano, a postulante petista passou a liderar a corrida presidencial, em termos de intenção de votos.
Nos 16 levantamentos que se seguiram desde então, somente em duas ocasiões, nas pesquisas do Datafolha, de 30 de junho a 01 de julho, e de 20 a 23 de julho, é que o ex-governador paulista conseguiu superar marginalmente (dentro dos intervalos máximos de erro) a candidata situacionista, em dois pontos e um ponto de percentagem, respectivamente. A média de intenções de voto de Dilma, nesse lapso de tempo, passou a ser maior que a de Serra: 38,8% a 34,7%.
Levando-se em conta que as pesquisas recentes são aquelas que incorporam informações mais relevantes, em termos do sentimento contemporâneo do eleitor, cristalização das preferências, etc., os números de maio para agosto da candidata situacionista são bem animadores.
Nesse período, os programas de rádio e televisão da candidata petista, a maior identificação do eleitor do nome de Dilma como candidata do presidente Lula, a definição dos palanques estaduais, os índices de aprovação do governo e do presidente, etc., são apontados como fatores causais da ascensão da candidata que ora lidera as pesquisas de intenção de votos.
O gráfico que encabeça o texto desfila a trajetória ascendente da diferença de intenção de votos pró Dilma Rousseff, desde maio, considerando as 16 pesquisas levadas a efeito desde então.
A seqüência temporal das pesquisas mostrada no gráfico obedece à cronologia dos trabalhos de campo, que é mais relevante do que a data da divulgação. Em pesquisa eleitoral a atualidade das informações é crucial. Uma pesquisa divulgada hoje pode estar defasada, dependendo de quando foi a campo (o último levantamento do Vox Populi, por exemplo, só foi divulgado ontem, dia17/08, e, no entanto, suas entrevistas foram realizadas entre os dias 7 e 10/08, quer dizer, a divulgação se deu uma semana após o encerramento do campo. Por outro lado, as pesquisas do Datafolha e do Ibope foram divulgadas antes da do Vox Populi, embora seus trabalhos de campo fossem feitos depois, estando, portanto, mais atualizados).
Uma linha de tendência aplicada a este gráfico mostra uma trajetória nitidamente ascendente da diferença de intenção de votos pró Dilma. A equação linear que gera essa linha permite projetar que a próxima pesquisa, independentemente de quem a realize, deverá mostrar uma diferença a favor de Dilma entre 10 e 11 pontos de percentagem, naturalmente tendo presente a simplicidade e o pouco rigor estatístico do método projecional empregado, e se nada de extraordinário acontecer na disputa presidencial nos próximos dias, quer dizer, se prevalecerem as condições ceteris paribus.
Se, todavia, apenas os resultados de julho e agosto forem computados – quando Dilma teve desempenho de intenções de voto mais expressivo –, as projeções lineares, com as ressalvas de praxe, apontam para uma diferença a favor de Dilma entre 12 e 13 pontos de percentagem, qualquer que seja o instituto que faça a pesquisa.
Para se ter uma idéia mais detalhada dos dois últimos levantamentos divulgados entre anteontem e ontem, dias 16 e 17/08, pelo Ibope e Vox Populi, respectivamente, são apresentados dois gráficos a seguir, com resultados específicos de cada um dos institutos, desde os seus primeiros levantamentos sobre a corrida presidencial deste ano.
Observe-se que nos dois últimos levantamentos dos mencionados institutos, há indícios de que a disputa para Presidente em 2010 pode ser encerrada no primeiro turno da eleição, já que as intenções de voto de Dilma superam as somas das de Serra e Marina (embora, na pesquisa do Ibope, essa superação esteja dentro da margem de erro de 2 pontos de percentagem, para mais ou para menos, já que os outros candidatos menos expressivos, em conjunto, só alcançaram um ponto de intenção de votos).

