Baleia Rossi
Folha de S.Paulo, 23/03/2012
Como justificar que um partido tão grande fique sem candidato na cidade de São Paulo? Esse era o interesse de oportunistas sem identificação com o PMDB
A partir destas eleições, nosso partido no Estado de São Paulo não será linha auxiliar de nenhuma chapa majoritária que não esteja representada por uma liderança peemedebista.A prioridade é o PMDB lançar candidato próprio em todas as cidades possíveis ou, na pior das hipóteses, o vice. Não aceitará mais qualquer interferência de fora de seus quadros. Esta decisão, tomada pelo diretório paulista, é irrevogável.
O novo PMDB estadual será protagonista e devotado aos legítimos interesses da população, sem se prender a arranjos politiqueiros.
Especular que possamos deixar de lançar candidatura própria para prefeito em São Paulo e em outros cerca de 300 municípios paulistas onde teremos candidatos majoritários é uma manobra inócua que não mudará o horizonte que este novo PMDB busca.
Essa nova postura partidária pode ser ostentada porque o nosso PMDB mudou de verdade, reorganizando-se no Estado.
Não fez caças às bruxas e nem deixou de prestigiar seus militantes mais antigos.
Mas o partido teve a ousadia de renovar, acabando com feudos dominados por políticos sem identificação com o nosso programa -e até por outros já fora dos nossos quadros, hoje filiados a outras agremiações, oportunistas que mantinham verdadeiros “cavalos de Troia” no nosso partido. Nos diretórios dominados por eles, permitia-se que os seus aliados, ali infiltrados, trabalhassem contra o próprio PMDB.
Esse tempo acabou. Como entender e justificar que o partido com comando na maior parte dos mais de 6.000 municípios brasileiros fique sem disputar ou lançar um candidato competitivo à Prefeitura de São Paulo, que administra uma das maiores cidades do mundo?
A pré-candidatura do deputado Gabriel Chalita à Prefeitura de São Paulo é irreversível. Ela reflete a filosofia do novo PMDB de reconquistar o protagonismo no cenário político no nosso Estado, papel que exerceu de maneira pioneira desde o início da ditadura até a redemocratização.
A pré-candidatura de Gabriel Chalita jamais será retirada. Ela será oficializada no momento certo. São grandes as suas qualidades pessoais de Chalita, assim como o seu preparo político e e a sua capacidade intelectual. A sua história de vida iluminada pelos valores do humanismo cristão, associado ao permanente respeito pelos seus semelhantes, nunca discriminando outras crenças, tornam Chalita muito competitivo nas urnas. Ele é uma liderança jovem, avesso a qualquer atitude movida pelo maniqueísmo.
Essa nova linha de conduta, sem radicalismo, incentivou-nos a dialogar com grandes lideranças nacionais, como o ex-presidente Lula, em quem reconhecemos o qualidade de grande estadista.
Respeitamos a presidente Dilma, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin. Mas garanto que o respeito a essas lideranças não deve, não pode e não vai sobrepor a independência reconquistada pelo novo PMDB, pois, para nós, diálogo não é sinônimo de subserviência.
Para o novo PMDB, diálogo é uma questão de civilidade, imposição da vida democrática, de respeito aos adversários e de alicerçar possíveis alianças futuras.
Nossa prioridade é vencer estas eleições com candidatos peemedebistas que comunguem dos mesmos sonhos e ideais do nosso partido, com ética e transparência, em favor dos justos e legítimos interesses da nossa população, em particular da mais necessitada.
BALEIA ROSSI, 39, é presidente do PMDB no Estado de São Paulo