Marcos Coimbra
Blog do Noblat, 20/06/2012
A recente pesquisa do Datafolha sobre a sucessão em São Paulo trouxe boas notícias para alguns candidatos e más para outros. Os trabalhos de campo aconteceram na quarta e quinta feira passadas, em um momento de pequeno significado político. Não são usuais os levantamentos na metade de junho, fase em que – especialmente nas grandes cidades – as campanhas estão absortas em movimentos internos, de composição de chapas e articulação de coligações. Para o eleitorado, nada dizem.
Só no final do mês – quando termina o prazo para as convenções e se delineia o quadro definitivo -, surgem novidades. É lá que, tradicionalmente, as pesquisas são retomadas.
O Datafolha, por exemplo, nem em 2004 ou 2008 fez pesquisas em meados de junho. Deve ter tido razões para realizar essa agora.
Os números são particularmente ruins para Serra. Mostram que o tucano estacionou nos 30%, posição incômoda para quem tem 100% de conhecimento e precisa crescer.
E não foi por falta de mídia simpática que empacou.
O tamanho do problema que enfrenta pode ser avaliado comparando sua performance à de candidatos parecidos: ex-governadores que concorrem – ou que parecia que concorreriam – à prefeitura das capitais.
Nas pesquisas dos últimos meses, chegamos a ter sete com esse perfil.
Eduardo Braga (PMDB), Paulo Hartung (PMDB), João Alves (DEM) e Ronaldo Lessa (PDT) são os mais semelhantes a ele: além de governadores, foram prefeitos – respectivamente de Manaus, Vitória, Aracaju e Maceió.
Em nenhuma pesquisa, os três primeiros tiveram menos que 45% (mas Hartung já avisou que não disputará este ano).
Lessa está aquém, embora melhor que o paulista. José Maranhão (PMDB), em João Pessoa, igual – ainda que enfrente um prefeito bem avaliado. Serra só superava Almir Gabriel (PTB), que aparecia tão mal que desistiu da prefeitura de Belém.
É pouco para quem foi tudo na política da cidade e do estado – e acabou de ser candidato à presidência da República.
O cenário se torna mais preocupante se considerarmos que seus possíveis adversários têm todos biografias menos completas – nenhum ocupou cargo executivo, nenhum tem sua visibilidade. Para ele, deveria ser uma briga fácil.
Os 30% que obteve estão desconfortavelmente próximos dos 21% do segundo lugar, Celso Russomano – hoje em um partido de pequena expressão, o PRB, e sem mandato (e que, no levantamento anterior, estava com 19%).
Em terceiro lugar, há um empate quíntuplo: Fernando Haddad (PT), Soninha (PPS), Netinho de Paula (PCdoB), Gabriel Chalita (PMDB) e Paulinho da Força (PDT) têm entre 8% e 5%. Todos variaram dentro da margem de erro em relação à última pesquisa.
O único que melhorou foi o candidato do PT. De 3%, foi a 8%.
É pouco, mas é um desempenho razoável – para quem é “muito bem” conhecido por apenas 9% dos entrevistados e “um pouco” por 19%. Em outras palavras, para quem pode crescer na grande maioria do eleitorado, os 72% que o conhecem “só de ouvir (falar)” ou que sequer sabem quem é.
Com perspectiva semelhante, apenas Gabriel Chalita – conhecido por 32%. Os outros – de partidos minimamente competitivos – estão bem acima: Russomano por 71%, Netinho por 82%, Soninha por 60%, e Paulinho por 71%.
Quando a propaganda eleitoral começar, tudo pode mudar. A pergunta é que benefício trará a Serra – que está em sua oitava eleição majoritária – e aos demais candidatos que a população cansa de saber quem são.
A pesquisa não revelou nenhuma grande alteração no cenário. Mas tanto a estabilidade, quanto as pequenas mudanças foram negativas para o candidato do PSDB.