Eleitor
Eu sempre pensei assim: se a pesquisa diz que tal candidato vai ter 15% de votos, a gente fica esperando que a pesquisa acerte na mosca. Se não der 15%, então ela errou!
Maurício Costa Romão
Essa é uma expectativa muito comum, porém equivocada. Não se deve cobrar das pesquisas que seus prognósticos batam exatamente com os resultados oficiais, dos tribunais eleitorais. O máximo que a pesquisa pode fazer é estabelecer um intervalo de variação para suas estimativas, dentro de certo nível estatístico de confiança. Assim mesmo, sob a égide das probabilidades, vez por outra, os números das urnas ficam fora desse intervalo.
Por exemplo, uma pesquisa no Recife estima que determinado candidato terá 15% de intenção de votos, com uma margem de erro de três pontos de percentagem e um nível de confiança de 95%. O que significa isso? Significa que se fizermos 100 pesquisas iguais a essa de agora, com os mesmos procedimentos metodológicos, em 95 delas podemos esperar que o tal candidato tenha entre 12% e 18% dos votos dos recifenses. Quando abrirem as urnas, a votação dele vai estar por aí, nesse intervalo. Se não estiver, houve um erro de previsão do instituto. O compromisso da pesquisa para por aí: estabelecer essa amplitude, esse intervalo. A pesquisa não diz que o candidato vai ter exatamente 15%. Este é o número médio, o número central, num intervalo de seis pontos. A pesquisa só vai estar errada se a votação do candidato cair fora desse intervalo, se ele, por exemplo, tiver 20% dos votos.