
Maurício Costa Romão
Chama à atenção nas pesquisas do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) para prefeito do Recife, realizadas em parceria com o portal LeiaJá e o Jornal do Commercio, o ainda grande contingente de eleitores que não se decidiu por nenhuma das pré-candidaturas aventadas ou manifestou intenção de votar em branco ou anular o voto. Esse contingente está englobado na categoria de voto em branco, nulo, não sabe, não respondeu. Na média dos cenários de junho, esse conjunto representa 34% dos eleitores, o que é um número bastante elevado.
Mas isso é compreensível em virtude da distância de tempo que ainda falta para a realização do pleito, que se realizará em 07 de outubro. Tal alheamento eleitoral está espelhado no fato de que, no momento presente, apenas 22% dos eleitores pesquisados pelo IPMN agora em junho se dizem muito interessados nesta eleição. Os demais ou estão pouco interessados (41%), ou são indiferentes (11%) ou, simplesmente, não se interessam (26%) pela eleição deste ano.
De fato, quanto mais distante do pleito, mais os eleitores se mostram reticentes em manifestar preferência por este ou aquele candidato, optando por declarar que vai votar em branco, anular o voto ou, apenas, que não sabe em quem vai votar. Na fase de antes das convenções partidárias (que serão realizadas de 10 a 30 de junho) as candidaturas ainda não estão consolidadas, os arcos de apoiamento não foram formados, as campanhas não ganharam as ruas, as alianças proporcionais ainda não se formalizaram, etc., etc.
À medida que o processo eleitoral vai avançando, os eleitores vão conhecendo melhor os nomes postos em disputa, começam a se envolver mais no processo político-eleitoral, passam a inclinar-se por determinadas candidaturas e, finalmente, fazem suas escolhas, diminuindo drasticamente os percentuais de votos brancos e nulos e de indecisos.
Exemplo da eleição presidencial de 2010

Os quatro grandes institutos de pesquisa que fizeram cobertura nacional da eleição presidencial no Brasil, em 2010, realizaram 51 pesquisas eleitorais de setembro até as vésperas do pleito de 3 de outubro: Datafolha (17 pesquisas), Ibope (17), Sensus (9) e Vox Populi (8).
A evolução das intenções de voto captadas por esses levantamentos, relativa aos votos em branco, nulos e indecisos, retrata-se no gráfico abaixo. Apenas algumas datas do trabalho de campo dessas pesquisas aparecem no gráfico. Como se pode observar, a trajetória desses votos é claramente descendente, conforme bem espelha a linha de tendência com inclinação negativa.
O fenômeno, como dito antes para o caso do Recife, é usual em pesquisas sequenciadas ao longo do tempo, oriundas ou não de institutos diferentes. Com efeito, quanto mais distante do pleito, mais elevados são os percentuais dessa categoria em apreço.
Nessa fase longínqua da eleição, muitos eleitores ainda não têm conhecimento das candidaturas postas, o que contribui para o aparecimento de grandes percentuais de indecisos. À medida que a data da eleição se aproxima, as preferências se revelam mais claramente, diminuindo o número dos que se declaravam indecisos e dos que intentavam anular o voto ou votar em branco.
Por exemplo, de setembro de 2009 até março de 2010, a média de intenções de voto nessa categoria de votos em branco, nulos e indecisos foi de 20,4%, ao passo que nas duas últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope, dos dias 1.º e 2 de outubro, o percentual caiu para o valor médio de 6,5%.