Eleição 2010 para Governador no Nordeste: Últimas Pesquisas Publicadas
04/05/2010Por Maurício Costa Romão
Livro já pode ser encontrado nas Livrarias
04/05/2010
Lançado no dia 26 de abril, o livro A Dinâmica Eleitoral no Brasil, de Maurício Costa Romão, já pode ser encontrado para venda na Livraria Jaqueira, localizada no bairro de mesmo nome, nas Livrarias Imperatriz dos Shoppings Tacaruna, Plaza e Recife e na Livraria Cultura.
A livraria Jaqueira fica próxima ao Parque da Jaqueira e funciona durante à semana das 8h às 20h e nos sábados das 8h às 19h. Já a Imperatriz e a Cultura, funcionam no mesmo horário dos Shoppings. As livrarias aceitam Cartão de crédito e dinheiro como formas de pagamento.
Pesquisas Eleitorais e Conflito de Interesses
03/05/2010Por Maurício Costa Romão
Talvez a manchete mais famosa do mundo, sob uma perspectiva eleitoral, tenha sido a do jornal americano Chicago Daily Tribune, no dia 3 de novembro de 1948. O jornal estampara apressadamente uma vistosa manchete de primeira página intitulada: “Dewey derrota Truman”, referindo-se à eleição para Presidente dos Estados Unidos naquele ano.
Contudo, os resultados finais do pleito demonstraram o contrário: Truman venceu com 49,6% dos votos, contra 45,1% de Dewey. A foto, abaixo, mostra o presidente Truman, na Union Station, em St. Louis, Missouri, um dia depois de ter sido eleito, segurando uma cópia do jornal, rindo da equivocada manchete.
A eleição do democrata Harry S. Truman se deu contrariando todas as previsões, inclusive as do respeitado instituto Gallup, que apontavam a vitória do concorrente republicano Thomas E. Dewey, então governador de Nova York. Daí a confiança do Tribune, que demonstrava abertamente preferência por Dewey, de que sua manchete espelharia o que os meios de comunicação e o clima das ruas antecipavam. O próprio jornal tentou corrigir o erro nas duas últimas edições do mesmo dia 3 de novembro, informando a vitória correta de Truman, mas cerca de 150 mil cópias com a desastrada manchete já haviam sido impressas e distribuídas.
O incidente é trazido à baila para introduzir a discussão, sempre recorrente, da eventual existência de conflito de interesses na contratação de pesquisas eleitorais para divulgação, inclusive pela mídia e entidades de classe, a institutos que estejam também trabalhando para políticos ou partidos políticos.
Recentemente, a Folha de S.Paulo, em reportagem do jornalista Fernando Rodrigues (26/04/2010), fez a seguinte pergunta, de um total de dez sobre questões metodológicas, aos grandes institutos de pesquisas (Datafolha, Ibope, Vox Populi e Sensus): “conflito de interesses: é correto fazer pesquisas reservadas para políticos e partidos políticos e também pesquisas públicas para divulgação?”
O Datafolha, instituto pertencente ao Grupo Folha, não acha incorreto, mas opta por fazer pesquisas eleitorais apenas para veículos de comunicação, quer dizer, não aceita encomendas de politicos e/ou partidos políticos. Diametralmente oposto, o Ibope não vê nenhum conflito de interesses em fazer pesquisas reservadas para políticos e/ou partidos políticos e pesquisas para divulgação. O instituto diz que trabalha para todos. O Vox Populi, alegando ser o tema subjetivo, preferiu não emitir opinião a respeito e, por último, o Sensus, mais alinhado com o posicionamento do Ibope, argumenta que a propriedade técnica e a ética dos institutos independem do contratante.
A propósito da relação mídia-pesquisa eleitoral, o cientista político Antônio Lavareda, no seu importante livro “Emoções Ocultas e Estratégias Eleitorais (Editora Objetiva, 2009, p. 72), no intuito de “… evitar que prosperem no público hipóteses de manipulação (pela mídia, MCR) que contribuem para corroer o senso de legitimidade do processo (eleitoral, MCR)”, propõe que seja vedado, legalmente, “… a contratação pela mídia de institutos que estejam trabalhando dos dois lados do balcão. Ou seja, pesquisando, ao mesmo tempo, para os veículos e para as campanhas”. E arremata, dizendo não ser “compatível à mídia contratar suas pesquisas a quem assessora candidatos”.
Como se vê, o assunto é bastante controverso. O modelo Datafolha, raríssimo no Brasil, é o que mais se aproxima do desejável, embora não garanta por si só a ausência de desvios éticos. Da mesma forma, os institutos que adotam posicionamento alternativo não podem ser taxados de aéticos. Num e noutro caso, é preferível acreditar que os institutos saberão zelar pelas suas condutas, separando os interesses contratuais dos resultados das pesquisas, pois só assim preservação sua credibilidade.
Pesquisa eleitoral: cuidado com a amostra!
01/05/2010Por Maurício Costa Romão
Os primeiros levantamentos de pesquisa eleitoral conduzidos de forma sistemática, em escala nacional, foram levados a efeito em 1916 pela revista americana Literary Digest, que predisse corretamente a eleição de Woodrow Wilson como presidente dos Estados Unidos naquele ano.
Utilizando-se de extensa mala postal, obtida de listas telefônicas e catálogos de registros de automóveis, a revista enviava milhões de cédulas aos potenciais eleitores e computava as opiniões expressas nos retornos. Com base nesse procedimento, a Literary Digest acertou os vencedores presidenciais das quatro eleições seguintes naquele país, alavancando suas vendas e tornando-se líder em pesquisas de opinião.
Nas eleições de 1936, embalada pelo sucesso de previsões acertadas em cinco eleições seguidas, a revista postou nada mais nada menos que 10 milhões de cédulas endereçadas aos eleitores, tendo um impressionante retorno de 2.376.583 opiniões, o que lhe credenciou prever, uma semana antes do pleito, a vitória do republicano Alf Landon sobre o democrata Franklin Roosevelt (que buscava a reeleição), por 57% a 43%.
Eis que entra em cena o sociólogo George Gallup que, à época, era razoavelmente conhecido do público, pois mantinha uma coluna semanal em diversos periódicos americanos. Contrariando a tudo e a todos, e para estupefação geral, ele assegurava que a Digest estava completamente equivocada e que quem iria ganhar a eleição seria Roosevelt, por uma diferença de 12 pontos percentuais, de 56% a 44%. Os percentuais eram praticamente os mesmos da Revista, só que com o nome do vencedor trocado.
E mais: para chegar a essa conclusão, seu instituto consultou apenas e tão-somente 3.000 eleitores em todo os Estados Unidos! Gallup tornou-se alvo de chacota na nação inteira pela inusitada ousadia, mesmo tendo prometido, tal a confiança na sua técnica, devolver todos os salários que tinha ganhado dos jornais pelos artigos semanais escritos, caso estivesse enganado.
Abertas as urnas o resultado confirmou as previsões de Gallup, não obstante alguns pontos percentuais de erro nas estimativas dos números: Roosevelt ganhara de 61% a 37%. A Digest fechou as portas posteriormente e George Gallup tornou-se uma celebridade, com seu instituto passando a ser a referência internacional em pesquisa de opinião.
O episódio encerra relevante ensinamento quanto às características dos levantamentos amostrais. Ao utilizar um cadastro de proprietários de telefone e de carro, a Digest ouviu um particular segmento da população, que se diferenciava do americano comum. Era um contingente mais bem aquinhoado em termos de renda, tendente, na época, a simpatizar com o Partido Republicano, mais conservador e apreciado pela elite financeira americana.
Na linguagem estatística se diz que essa amostra foi “viesada”. Por conta disso, o imenso tamanho da amostra (quase 2,4 milhões de “questionários”) foi de pouca utilidade para detectar como o povo americano, em média, se iria manifestar naquela eleição. Então, o importante de uma amostra não é o tamanho, mas sua representatividade do universo pesquisado.
Em estratégia diametralmente oposta, o Gallup pesquisou, de maneira aleatória, “apenas” 3.000 pessoas, um subconjunto porém que era a imagem da população, em termos de sexo, idade, renda, escolaridade, residência urbana ou rural, etc. Essas 3.000 pessoas eram, por critérios estatísticos, o espelho da sociedade americana como um todo, refletindo suas características demográficas e sócio-econômicas e, até mesmo, seus sentimentos, aspirações, expectativas e, naquele instante, especialmente, suas preferências eleitorais.
Os resultados das urnas, como se viu, validaram os critérios estatísticos de definição da amostra: ela realmente representava toda população americana!
Sobre o autor
Maurício Costa Romão é Master e Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, sendo autor de livros e de publicações em periódicos nacionais e internacionais...
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